Ângela: filme sobre o feminicídio que parou o Brasil em 1976

 

Ângela Diniz, conhecida como a Pantera de Minas, a socialite mineira Ângela Diniz ficou famosa pela sua beleza e seu dinheiro. Sua vida recheada de polêmicas era acompanhada de perto pela imprensa brasileira, mas foi em 1976 que ela ganhou a capa dos jornais brasileiros ao ser assassinada com quatro tiros pelo seu namorado Doca Street.

O caso chocou o Brasil e é considerado um dos feminicídios mais famosos do país.

Sua história nunca foi esquecida: a vida da socialite é contada no filme Ângela, dirigido por Hugo Prata e protagonizado por Isis Valverde e Gabriel Braga Nunes. Nascida em 1944, Ângela fez sucesso na alta sociedade belo-horizontina pela sua beleza e carisma. Quando tinha 17 anos, se casou com o empresário Milton Villas Boas, de 31, com quem teve três filhos. O relacionamento durou nove anos e, ao pedir o desquite — já que o divórcio ainda não era permitido —, perdeu a guarda das crianças.

Mais tarde, Ângela se envolveu em outra polêmica quando seu caseiro José Avelino dos Santos foi morto. Apesar dela não ter envolvimento direto na situação, foi descoberto que ela tinha um amante. Quando se mudou da capital mineira para o Rio de Janeiro, emplacou um namoro com Ibrahim Sued e, só em agosto de 1976, começou a se relacionar com Raul Fernando do Amaral Street, o Doca.

Na época, ele estava envolvido com a milionária Adelita Scarpa, mas acabou abandonando-a para ficar com Ângela.

De acordo com as pessoas próximas, o relacionamento dos dois era marcado por muito ciúmes e pela personalidade explosiva de Doca. Em um determinado momento, Ângela tentou terminar o relacionamento, mas o rapaz não aceitou. Uma dessas brigas aconteceu em 30 de dezembro na Praia dos Ossos, em Búzios, quando Doca deu quatro tiros na namorada, sendo três no rosto e um na nuca. No filme Ângela, a socialite é vivida por Isis Valverde.

Feminicídio e a defesa da honra

Apesar de ter assassinado Ângela, Doca foi apoiado por pessoas na época que acreditavam que ele estava defendendo sua honra. Esse, inclusive, foi o argumento do seu advogado, o criminalista Evandro Lins e Silva.

Atualmente a tese da legítima defesa da honra é julgada inconstitucional pelo STF, mas na época serviu para abrandar a pena de Doca, que foi condenado a 18 meses pelo crime, e seis meses por fugir da Justiça, mas teve direito a suspensão condicional da sentença por ter cumprido sete meses de detenção.

Doca Street matou Angela com quatro tiros, sendo três no rosto. O desfecho do caso ajudou a criar uma onda feminista no país que culminou no movimento Quem Ama Não Mata, e na pressão para que houvesse um novo julgamento de Doca.

Em 1981, o rapaz voltou aos tribunais e recebeu a sentença de 15 anos de prisão. Ele ficou no cárcere até 1987 e, em 2006, lançou seu livro Mea Culpa, no qual dá a sua versão do crime. Na época, ele também deu uma entrevista para a jornalista Eliane Brum, da revista Época, e contou por que matou Ângela. “Não sei. Ela jogou a pasta na minha cara, a arma caiu no chão e foi um reflexo. Não tinha ninguém para apartar. Não matei por amor. Foi briga.” Quatorze anos depois, em 2020, ele faleceu vítima de um ataque cardíaco.

Com um enredo que mostra a banalização da violência doméstica e a desvalorização da vida de uma mulher, Ângela retrata o que a famosa socialite passou e faz refletir sobre atemática do feminicídio que ainda é tão atual. Além de Isis Valverde e Gabriel Braga Nunes, o elenco ainda conta com Bianca Bin, Carolina Mânica, Chris Couto, Emílio Orciollo Netto, Gustavo Machado e Alice Carvalho — No Prime Vídeo .

Redação com divulgação. – Fotos: Divulgação

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