Além dos pretendentes ao Senado, há uma corrida surda entre partidos para ocupar a vice de João e Raquel em 26

O vice, como se diz nos meios políticos, tem de ser discreto, cumprir bem as funções a ele confiadas e não trocar os pés pelas mãos
por Terezinha Nunes *
A lista de pré-candidatos ao Senado em 2026, como foi mostrado no último domingo neste espaço, já cresceu tanto que entre os próprios interessados há um grupo que, para não ficar de fora, aceitaria de bom grado uma vaga de vice governador. Mas se para o Senado a escolha é mais fácil até porque o Senador vai atuar em Brasília, longe do chefe do Executivo, no caso do vice é diferente. Terá que se afinar com o titular e, como se diz nos meios políticos, ser discreto, cumprir bem as funções a ele confiadas e não trocar os pés pelas mãos, pondo em risco a governabilidade.
Não à toa, o pernambucano Marco Maciel, já falecido, é até hoje apontado como “o vice ideal”. Embora tenha sido antes governador e Senador, Maciel foi o que se chama, até hoje, o “vice dos sonhos” do presidente Fernando Henrique Cardoso. Somava competência, discrição e desinteresse por qualquer coisa que pudesse vir a ser interpretada como desejo, mesmo escondido, de substituir em definitivo o titular. Claro que se isso acontecesse ele assumiria até porque o vice tem, entre suas funções, a de ocupar o posto de presidente, governador ou prefeito, em seus impedimentos mas, “quanto menos aparecer é melhor”, ensina a cartilha que um bom político deve saber de cor.
Dos bastidores para os holofotes
Como o vice costuma ser da cota pessoal do candidato a governador– João Campos desconheceu a pressão dos partidos e escolheu um desconhecido, Victor Marques, para seu vice em 2024 –esta é uma a vaga majoritária que menos suscita debate público e quem assim se coloca “já nasce queimado”- como comenta o presidente de um importante partido ouvido por este blog sobre o assunto. Mas a lista de prováveis interessados ao cargo já está deixando os bastidores, gerando especulações e, logo, logo, pode provocar alvoroço.
Há casos em que os próprios partidos abrem o jogo, como afirmou há poucos dias o deputado estadual Jarbas Filho, quando disse que o MDB vai lutar por espaço na chapa majoritária, citando de forma específica Senador ou vice. Da mesma forma, o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, passou a ser citado como um dos pretendentes depois que, em entrevista, também manifestou o desejo do PSDB de estar na chapa majoritária.
Lista só cresce
No caso do prefeito João Campos já são citados nos bastidores como interessados na vaga o próprio deputado Álvaro Porto (PSDB), a deputada federal Marília Arraes, que também sonha com o Senado, a deputada federal do MDB, Iza Arruda, e a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado, filiada ao PT mas que, para se viabilizar, precisaria mudar de legenda pois o Senador Humberto Costa já foi escolhido pelo PT local e nacional para se candidatar à reeleição. Os que defendem o nome de Márcia apontam para o fato de que João vai precisar ter na vice uma mulher e, de preferência, do interior. Há poucos dias houve um encontro dos dois patrocinado por Marília Arraes em que 2026 esteve em pauta mas nada vazou.
Também há o caso do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho – ele e sua família desmentem isso de forma peremptória – que vem sendo citado como vice, caso João Campos tenha mesmo que contentar o PT, garantindo vaga a Humberto e o Republicanos que tem como pré-candidato o ministro Sílvio Costa Filho. A não ser que Miguel acabe candidato a Senador na chapa de Raquel.
Priscila vai continuar?
Em se tratando da governadora Raquel Lyra há um grande obstáculo aos que desejam ser vice em 2026 que é Priscila Krause, atual titular do cargo e que ajudou a governadora a entusiasmar os pernambucanos em 2022 em torno de duas mulheres unidas “pelo bem do estado”, como se propagou na campanha eleitoral vitoriosa. Apesar de ambas terem temperamento forte não se ouve um só ruído de problema entre as duas.
Não passou despercebido, porém, um detalhe que só o mundo político processou. O fato de Priscila ter se filiado ao PSD, mesmo partido de Raquel, há poucos dias, o que indicaria que governadora poderia atender a outra legenda como quase sempre acontece em se tratando de vice. A outra opção seria Priscila se filiar a outra legenda até abril de 2026.
Uma fonte credenciada do Palácio das Princesas revelou, no entanto, a este blog, pedindo anonimato, que Raquel e Priscila formam uma dupla difícil de separar, seja pelo simbolismo de terem vencido juntas, entusiasmando as mulheres pernambucanas que teriam sido premiadas por uma vitória dupla em um estado tido como politicamente machista, seja pela afinidade que demonstram ter ao ponto da governadora ter confiado à vice a posse de novos secretários durante uma viagem recente ao Canadá quando o Palácio, pela primeira na atual gestão, se encheu de políticos.
MDB esperado pelos dois lados
Talvez por isso, os nomes para companheira ou companheiro de chapa de Raquel sejam menos citados de forma pública. É quase certo, no entanto, que o MDB está no radar do Palácio das Princesas, caso o deputado Jarbas Filho se eleja presidente estadual. Neste caso, o atual senador Fernando Dueire pode ser candidato ao Senado ou mesmo a vice.
A outra vaga para o Senado seria do deputado federal Eduardo da Fonte. Em se concretizando a Federação PP/União Brasil, Miguel estaria mais longe do Senado, a não ser que Eduardo da Fonte deixe de lado a pretensão majoritária e acabe candidato à reeleição junto com o filho Lula da Fonte. Mesmo assim os dois teriam que ficar no palanque de Raquel, onde o PP é tido como principal aliado desde o início da gestão.
Miguel, inclusive, ao recusar convite da governadora para fazer parte de sua equipe em janeiro deste ano, disse em entrevista que fora convidado a ir ao encontro de Raquel no Palácio – os dois almoçaram longe da imprensa – e, embora contrariado com o vazamento da informação, afirmou que não ia “fechar as portas para ninguém”.
*Texto de Terezinha Nunes publicado no JC em 20/04/2025 Foto: Hesíodo Góes
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