Hillary e a filha Chelsea entrevistam mulheres em ‘Gente de Coragem’

 

 

Já disponível desde essa última sexta-feira, 9, a série “Gente de Coragem”, adaptação do best-seller “The Book of Gutsy Women”, escrito por Hillary Clinton e Chelsea Clinton em 2019, até então não lançado no Brasil. Ao longo dos oito episódios de mais ou menos 40 minutos cada um, a ex-primeira dama, de 74 anos, e sua única filha, de 42, encontram mulheres com histórias pessoais e profissionais que merecem atenção, geram curiosidade e inspiração. Na Apple TV+.

Passam pelas conversas com elas, nomes como Kim Kardashian, as atrizes Goldie Hawn e sua filha Kate Hudson, a primatóloga Jane Goodall, a jornalista e líder do movimento feminista, Gloria Steinem, a rapper Megan Thee Stallion, as comediantes Wanda Sykes, Amy Schumer e Amber Ruffin e a drag queen Symone, vencedora da 13ª temporada do reality show, Ru Paul’s Drag Race, entre outros.

Hillary e Chelsea conversam descontraidamente sobre a vida, lembram histórias do passado, analisam fotos antigas, explicam as razões por trás das decisões mais difíceis de suas vidas, se mostram vulneráveis. Num momento, no quarto episódio, numa conversa com uma pastora queer que celebra casamentos de pessoas de todas as orientações sexuais, ela pergunta a Hillary por que, afinal, a ex-primeira dama continuou casada com Bill Clinton depois da revelação de que ele tinha tido um caso com a ex-estagiária Monica
Lewinsky, em 1996, assim que foi reeleito presidente dos EUA. “Porque ele é uma pessoa fundamentalmente boa, um homem amoroso, cuidadoso, atencioso e eu o amo profundamente”, responde Hillary na série, que conta que até tomar a decisão de ficar no casamento passou por momentos de muita raiva, decepção, vergonha e experimentou até sessões de terapia em casal. A pastora não encerra a conversa aí, vai além, e pergunta se Hillary acredita que seu marido teria contado a verdade sobre a traição se não ocupasse um cargo público na época. “Claro que não”, afirma a ex-primeira dama.

 

Em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, tempos atrás, sobre o programa, Hillary conta que suas declarações pessoais foram “muito além da minha zona de conforto, mas fico feliz de ter feito isso porque queríamos ter conversas muito abertas com essas mulheres, e a única maneira de conseguir isso seria sendo nós mesmas muito francas”. E foi com franqueza total, e para surpresa absoluta de sua filha, que Hillary afirma, no terceiro episódio, que foi por causa de um incidente no Brasil que decidiu parar de usar saias e vestidos e passar a se vestir com terninhos com calças compridas, os “pant-suits”, que acabaram se tornando sua marca registrada.

Ela era primeira-dama quando veio ao Brasil em 1995 acompanhando seu marido, o presidente Bill Clinton, numa visita oficial. E, num encontro com a então primeira-dama do Brasil, a antropóloga Ruth Cardoso, Hillary, vestindo um tailleur bege, foi fotografada de um ângulo que deixava sua calcinha branca à mostra. A foto não causou um grande escândalo de mídia quando foi veiculada, eram outros tempos, antes das redes sociais. Mas a marca brasileira de lingerie, a Duloren, que existe até hoje e ainda usa o mesmo slogan machista em suas campanhas -“você não imagina do que uma Duloren é capaz”, usou a imagem de Hillary nos anúncios. Junto da foto, o criador achou por bem botar uma mensagem para Bill Clinton. Dizia “senhor Presidente dos Estados Unidos da América, Vossa Excelência não imagina do que uma Duloren é capaz”. Na série, Hillary conta a passagem rindo, e a foto que aparece ilustrando não é a que virou propaganda no Brasil, mas sim uma dela com um tailleur azul turquesa abraçada ao marido nas escadas do avião presidencial Air Force One, só para comprovar a parte da história que acontece antes da vinda ao país.

Hillary conta que se lembra do anúncio que denomina de “repugnante” e de como o episódio todo foi “um grande choque”. “A história terminou porque era uso não autorizado de uma imagem minha, e os advogados da Casa Branca ligaram para a empresa e disseram que processariam se eles não tirassem minha foto da campanha”, disse a primeira-dama. “Os outdoors foram tirados, mas essa história me fez pensar que eu não queria nunca mais passar por aquela situação na vida”, afirma. Dali para frente, então, nunca mais botou uma saia ou um vestido no corpo. E é com um “pant-suit” que ela espera vir ao Brasil de novo, em algum momento. “Eu adoro o Brasil, sempre me diverti muito nas visitas que fiz ao país, a cultura brasileira é incrível, a comida é deliciosa e eu só tenho boas lembranças”, conta. Chelsea, por sua vez, diz que não soube de nada disso na época. Tinha 15 anos quando a viagem dos pais ao Brasil aconteceu e ficou chocada quando ouviu a mãe contar a história da calcinha durante as filmagens. Vale conferir ‘Gente de Coragem’. Ouvir e ver outras oportunas histórias.

Redação com veículos. Fotos-Divulgação.

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