A síndrome do pânico pós pandemia- Por Adriana Zenaide Figueira*

 

Transtorno que se caracteriza por crises ansiosas repentinas de intensidade moderada, com sintomas físicos variados (desde sudorese excessiva a sensação de morte iminente) associados a um medo perturbador, a síndrome do pânico atinge de 2% a 4% da população mundial, de acordo com a OMS.

A pandemia desmacarou vários transtornos psiquiátricos. O desconhecido, a falta de perspectiva por um tempo, o sensacionalismo de uma parte da imprensa, a falta de informações podem ser algumas das explicações dos gatilhos para os transtornos. Alguns ficaram amedrontados momentaneamente, enquanto outros precisaram de suporte médico e psicológico para lidar com o momento.

É importante considerar a origem desconhecida dos transtornos psiquiátricos. Sabe-se que se pode prevenir os transtornos (fatores protetores) de maneira genérica; entende-se também o quanto hábitos de vida saudáveis influenciam positivamente na prevenção, mas fazendo um paralelo com as vacinas tão esperadas para a Covid-19, não existem vacinas para as doenças psiquiátricas. Dessa forma, todos, sem exceção, em qualquer momento da vida podem apresentar um adoecimento que precise de intervenção.

E dentre os fatores de risco para o surgimento dessas doenças encontram-se: herança genética, experiências negativas/traumáticas ao longo da vida e o ambiente em que ele vive.

Na síndrome do pânico, o quadro sintomático é variado, repentino e agudo: sensação de boca seca, sudorese excessiva, palpitações cardíacas, tremores, falta de ar, medo intenso, sensação de morte iminente. O desconforto desses sintomas é tão forte que pode gerar necessidade de mudança na rotina de algumas pessoas: há uma correlação dos sintomas da crise ansiosa e o local onde ocorreu e assim, o paciente evita o lugar, numa tentativa de evitar a ocorrência da crise novamente.

O diagnóstico é clínico e precisa ser feito por médico que atue em saúde mental. E é preciso cuidado nessa investigação pois há critérios bem estabelecidos: a experiência de medo intenso diante de uma ameaça real ou ainda uma crise isolada não são suficientes para constituir o diagnóstico.

É necessário recorrência de sintomas/crises e prejuízos comportamentais e na funcionalidade do indivíduo também.

O tratamento em geral é feito com psicoterapia (TCC – terapia cognitivo comportamental) associada a medicação. Importante pontuar que os tratamentos na psiquiatria são longos e é necessário um tempo mínimo de acompanhamento com ausência de sintomas para então avaliar a retirada das medicações.

*Adriana Zenaide Figueira é psiquiatra. Texto colaboração para o Blogdellas.

E-mail redacao@blogdellas.com.br

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