A política com desprendimento: prefeitos dão a lição
Até o final do dia desta sexta-feira Pernambuco viverá um momento inusitado na vida política brasileira : três prefeitos dos principais municípios do estado deixam os mandatos para disputar a eleição para governador. Como só tem uma vaga para o executivo, a não ser que pelo menos um deles acabe disputando o senado, é certo que em outubro dois dos três ficarão na planície, atravessando as intempéries típicas dos perdedores de eleição quando, diz a sabedoria popular, “o capim cresce na porta de casa por falta de visitantes”.
O que teria levado Miguel Coelho, de Petrolina, Raquel Lyra, de Caruaru e Anderson Ferreira, de Jaboatão, todos bem avaliados, a largar o que está certo para abraçar a incerteza?. O primeiro a sair, o prefeito de Petrolina Miguel Coelho, que renunciou ao mandato ontem, diz que o próprio êxito das gestões pode explicar “ninguém iria deixar o mandato se estivesse com altos índices de reprovação” mas analisa também o fato de serem todos de uma nova geração na política pautada “na necessidade de dar o exemplo”.
Candidato de oposição, como os demais, ele entende que “quando os governadores não trabalham bem, e o governo atual tem mais de 70% de reprovação, os bons prefeitos ganham os holofotes, as vitrines, e se animam a dar saltos mais altos. É isso que Pernambuco está experimentando”. Certo de que a presença dos três com mais a candidatura de Marília Arraes “que animou a eleição” garante segundo turno, ele já defende que as conversas continuem na oposição até o mês das convenções partidárias em julho. “E, se não houver composições até lá que o diálogo se mantenha até o veredicto em outubro”.
Miguel, Raquel e Marília
A assessores, Miguel já chegou a pontuar que, depois da disposição de Marília de lançar-se candidata, é possível que a oposição se afunile. Para ele quatro candidatos de oposição pode ser exagerado e entende que Marília, que tem conversado com ele e Raquel, pode se compor com um dos dois no futuro. Oficialmente, porém, o prefeito não quer falar deste assunto. Ontem, estava preferindo alfinetar o candidato governista, o deputado federal Danilo Cabral, e a desdenhar do fato de o PSB acreditar que a candidatura de Lula vai ajudar Danilo a deslanchar: “Lula foi um grande presidente mas ele não é candidato a governador de Pernambuco”.
PDT ainda pode chegar
Miguel, porém, diz que está seguindo seu caminho e até o dia 2 vai estar “voltado para garantir boas chapas de candidatos a deputado dos partidos que já nos apoiam e dos que ainda estão por vir”. Na verdade, dá-se como certo em Petrolina a possibilidade do PDT fechar aliança com Miguel que garantiria espaço para eleger Wolney Queiroz a deputado federal e José Queiroz a deputado estadual.
Moraes na linha de frente
Com exceção da deputada Clarissa Tércio, apontada como possível campeã de votos na eleição para deputado estadual este ano, o deputado Antônio Moraes, também do PP, figura nas listas feitas nos corredores da Alepe como um dos mais votados do Partido Progressista este ano. Além de ter o apoio dos prefeitos de Macaparana, São Vicente Ferrer, Nazaré da Mata, Vicência, Itamaracá e Riacho das Almas, ele conquistou o voto das principais lideranças de oposição em outros dez municípios. Com atuação marcante em todas as suas bases, as quais visita quase todas as semanas, Antônio não perde as programações festivas nas cidades onde é votado.
Silvio pai na luta
O ex-deputado Sílvio Costa tem sido figura central na formação das chapas proporcionais dos Republicanos, partido que é presidido no estado por seu filho, o deputado federal Silvio Costa Filho. Nos bastidores ajudou Silvinho a convencer o deputado federal Augusto Coutinho, que deixou o Solidariedade, a se filiar à legenda ampliando a possibilidade dos Republicanos fazem três a quatro deputados federais. Aliás esta coluna cometeu um erro na edição de ontem quando se referiu aos Republicanos em uma de suas notas, chamando-os de Progressistas. Pedimos desculpas.
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