A importância da avaliação neuropsicológica para o diagnóstico TEA – Por Merijane Dias*

 

Sabe-se que o diagnóstico para o TEA – Transtorno do Espectro Autista é de natureza clínica, pois não há um único marcador biológico específico que possa caracterizar o TEA. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR, existem alguns critérios que precisam ser seguidos, no qual devem ser observados prejuízos persistentes na comunicação social recíproca e na interação social, e padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades. Esses sintomas precisam estar presentes desde o início da infância e devem indicar limitação ou prejuízo no funcionamento diário.

Além da análise clínica, a avaliação neuropsicológica muito beneficia o processo de diagnóstico e pode ser realizada com objetivos distintos. Ela consiste na investigação das funções cognitivas tais como inteligência, atenção, memória, funções executivas, linguagem, percepção, raciocínio, aprendizagem, visuoconstrução, cognição social, processamento de informação, traços de personalidade e aspectos emocionais.

Através da avaliação neuropsicológica são identificados outros quadros que podem estar associados ao TEA, como a deficiência intelectual, e descritas habilidades preservadas ou fragilizadas, auxiliando assim o planejamento eficaz das intervenções pela equipe multidisciplinar.

A avaliação acontece por etapas, sendo a primeira delas uma entrevista e anamnese com os pais/responsáveis pela criança, com demais profissionais que já a acompanham e com os profissionais do ambiente escolar. Nesta primeira fase são elencadas as queixas, dificuldades, o impacto funcional de tais sintomas na vida do indivíduo e aspectos ambientais que podem influenciar de forma positiva ou negativa o avaliado. Durante a anamnese também é possível investigar o histórico familiar, informação que é de grande valia, uma vez que o risco para o diagnóstico de TEA em irmãos é de 20 a 25 vezes maior do que na população geral.

A segunda etapa é a da aplicação dos instrumentos de avaliação, como questionários específicos para os pais, para os professores e para a criança, dependendo da idade. Além desses, são aplicados também testes padronizados e realizadas observações de comportamentos como a da qualidade do contato visual, do sorriso social, da atenção compartilhada, do nível geral da linguagem e se há ou não presença de ecolalias, estereotipias motoras, de brincadeiras simbólicas, e de outros comportamentos.
Por último, acontece a entrevista devolutiva com os responsáveis, na qual será entregue o laudo psicológico de avaliação neuropsicológica com os resultados encontrados, a hipótese diagnóstica, possíveis encaminhamentos e planos de reabilitação.

Vale ressaltar a importância da detecção e das intervenções precoces, uma vez que ajudam no prognostico da criança e fazem toda diferença no seu desenvolvimento e bem-estar.

Aos primeiros sinais de alerta para o TEA, orientamos os pais que se há dúvida, procurem o seu pediatra, neuropsicólogo ou outros profissionais capacitados para auxiliarem nessa investigação.

*Merijane Dias [e Psicóloga e Neuropsicóloga Clínica (CRP-02 24.364). Texto colaborativo/Blogdellas.

E-mail: redacao@blogdellas.com.br- Foto: Divulgação

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