A hora e a vez das “Severinas”do interior

 

Iza Arruda*

A democracia só encontra a sua plenitude na efetiva participação justa e equilibrada de todos os atores da sociedade. Infelizmente, em vários países do mundo, incluindo o nosso Brasil, esse equilíbrio de participação no poder tem sido postergado para alguns segmentos minoritários da sociedade e, pasmem, também ao gênero que compõe a maioria da nossa população: as mulheres.

​Referindo-se, particularmente, ao nosso país, vale destacar que, embora ainda não tenhamos alcançado a inclusão equitativa em todas as esferas de poder, há um processo evolutivo em curso (embora lento) desde a implantação da República, em 1889. Quase meio século se passou para que o direito ao voto feminino fosse legalizado, através do código Eleitoral de 1932. Em 1934, Carlota Pereira de Queiroz viria a ocupar uma cadeira no nosso parlamento, não apenas como a primeira mulher eleita Deputada Federal no Brasil, mas de toda a América Latina.

​Aqui em Pernambuco, quase um século se passou para que fosse eleita a primeira Deputada Federal (1978). É oportuno destacar, ainda, que no nosso estado, desde o início do período republicano, apenas quatro mulheres se elegeram para a Câmara Federal: Cristina Tavares, Ana Arraes, Luciana Santos e Marília Arraes, todas elas com domicílio eleitoral na região metropolitana do Recife (Creuza Pereira, do município de Salgueiro, chegou a assumir o cargo, mas, na condição de suplente).

​A partir do início do presente século, o processo de interiorização das universidades e a chegada de grandes indústrias – que fugiram das metrópoles – facilitando o acesso de mulheres da região ao mercado de trabalho e, sobretudo, a evolução dos meios de comunicação via computador e internet, potencializaram as condições necessárias para que um maior número de representantes femininas do interior buscassem o seu devido lugar na política.

Só para citar um exemplo, os pernambucanos elegeram nas eleições de 2016 vinte e seis Prefeitas. Nas últimas eleições municipais (2020) foram trinta e cinco, 32 das quais de cidades do interior.

Para este ano, acho que chegou a hora e a vez das mulheres do interior ocuparem mais efetivamente o seu espaço no Congresso Nacional representando o nosso estado. Nesse contexto, entre as pré-candidatas a Deputada Federal inseri o meu nome, não apenas para defender as pautas femininas, nem exclusivamente as carências dos que habitam nos municípios interioranos, mas, principalmente, para buscar soluções para os grandes problemas nacionais: o combate à fome e à miséria, através de políticas públicas voltadas para os mais vulneráveis; lutar por assistência de saúde de qualidade para todos; por mais educação, com ensino sério; por mais oportunidades de trabalho, com salário justo.

​Espero e confio, sinceramente, que o povo de Pernambuco eleja as “Zefinhas”, as “Joanas”, as “Sebastianas”, enfim, todas as “Severinas” que estão disputando as eleições em nosso estado, para juntas contribuirmos para a construção de uma sociedade plural, mais justa e mais humana, que o povo brasileiro sonha, precisa e merece.

*Iza Arruda, Fisioterapeuta, Vice-Reitora da Facol, Presidente do MDB Mulher de Pernambuco, pré-candidata a Deputada Federal e colaboradora do Blogdellas.

 

Foto: Divulgação

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