A fadiga chega como uma sombra
Você vai dormir exausta. Acorda cansada. Percebe que está sempre assim: desanimada. Por mais que se esforce, não rende nas atividades profissionais, nos estudos ou na vida pessoal . E esse incômodo segue, se estende ao longo das semanas. Não há sono, descanso ou lazer que te livre do sofá ou da cama, seus lugares preferidos.
Quando a gente identifica este estado, prolongado, que não resolve com descanso, repouso, significa estar vivendo um mal de nome lindo: fadiga crônica. Que chega como uma sombra, um sinal de alerta para a saúde e que não deve ser negligenciado. Vitaminas e suplementos nutricionais. Idas à academia ou passeios com promessas milagrosas de entreter e nos trazer felicidade, é tudo balela. O saculejo é único: precisamos dos cuidados de um profissional.
Essa sensação de “falta de energia” pode ser causada por má alimentação, sedentarismo, sono de má qualidade ou por problemas de saúde física ou mental como síndrome pós-covid, anemia, diabetes, disfunções hormonais, doenças cardíacas, câncer e depressão. Ou muitos desses males . Todos juntos e misturados.
E será o médico que vai lhe dizer o que você não quer escutar: que anemia, diabetes descontrolada e apneia de sono são causas comuns da fadiga crônica. Que insuficiência cardíaca é uma das principais causas; que geralmente vem acompanhada de falta de ar e inchaços no corpo. “É um problema comum, que acomete 2% da população brasileira, em todas as faixas etárias”, lhe dirá aquela prima que cuida de todos da família e muito se preocupa com sua falta de zelo com sua saúde. A diabetes atinge 10% dos brasileiros, informa ela, tentando lhe orientar, explicando como funciona o diagnóstico em questão, com um exemplo que só vai piorar sua ansiedade: “imagine uma pessoa com diabetes como alguém que tem comida na dispensa, mas ela está trancada e a pessoa não consegue usar, por isso fica com menos energia”.
Ai você apela pelos ensinamentos da endocrinologia, onde a fadiga crônica pode sinalizar problemas na tireoide. O hipotireoidismo, por exemplo, é uma doença em que a tireoide não produz hormônios importantes para o metabolismo. Com o exame de sangue é possível confirmar esse diagnóstico, lembrando que o seu excesso de peso pode prejudicar o sono e levar à fadiga”. O IBGE garantiu no Censo de 2019 que 60% dos brasileiros tinham excesso de peso, dos quais você sabe pertencer a essas estatística.
Também existem as causas psicológicas e emocionais, especialmente no contexto desafiador em que vivemos. Depois de dois anos de restrições da pandemia, temos um cenário desmotivador de desemprego, inflação, guerra. Algumas pessoas encaram as dificuldades como um desafio, mas outras fazem muito esforço para lidar com isso e não conseguem manter a mesma energia O exercício para identificar o que tem levado a essa desesperança ou falta de perspectiva só piora. Pesquisa feita pelo Instituto do Sono em 2020, em 24 estados brasileiros, 70% dos participantes disseram ter dificuldade para dormir durante a pandemia. E atualmente, o medo continua tirando nosso sono . Diversos tipos de medo, como de perder o emprego, da morte de um familiar, de pegar covid-19.Do futuro. E da própria fadiga.
Nas prateleiras das farmácias e nos anúncios na internet, não faltam produtos que prometem aumentar a energia, como os “boosters mitocondriais”. Mas sempre que ouvir a palavra suplemento, desconfie. Não há evidências científicas que comprovem que ele funcione. E , se é uma coisa que não funciona com fadiga é a enganação. Só piora.
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