A Eleição do Salário Mínimo

 

Por Júlio Lóssio*

Em 2018, tive oportunidade de disputar a eleição para o Governo de Pernambuco. Não me foi dada a oportunidade de participar de debates e, com um tempo de televisão praticamente inexistente, me vi obrigado a visitar cada canto do estado para tentar levar minhas ideias e propostas.

Estudei nosso estado e seus problemas e formulei soluções. Contudo, me deparei com um fato surpreendente: As pessoas, em sua grande maioria, estavam embriagadas com a pauta de costumes e as perguntas que eu ouvia por todo o estado se resumiam a arma, aborto, religião, casamento gay e por aí vai. Na disputa presidencial, o velho nós contra eles deu lugar à disputa do bem contra o mal.

A facada no candidato Bolsonaro consolidou, no imaginário popular, a luta do bem contra o mal e o candidato Bolsonaro, esfaqueado, disparou e se tornou Presidente. De 2018 para cá, a economia balançou e, com a pandemia, a fome e o desalento de não fechar as contas voltaram à porta da maioria dos Brasileiros.

O Ministro Ipiranga mudou a forma de reajuste do salário mínimo buscando aliviar as contas públicas, mas sufocando a massa assalariada. O poder de compra do salário mínimo foi brutalmente achatado nos últimos quatro anos.

A pauta de costumes que frequentava o imaginário popular deu lugar à pauta da barriga. As teorias ideológicas de Olavo de Carvalho deram lugar à necessidade fisiológica do prato na mesa. Agora, em 2022, como candidato a suplente do senado, novamente tive oportunidade de visitar nosso estado. Desta vez, ouço mais que falo. E o que tenho visto e ouvido?

Com raras excessões, aqueles que pagam salário mínimo votam em Bolsonaro. Os que recebem salário mínimo votam em Lula. A ideologia permanece nos de barriga cheia, mas não resistiu aos de barriga vazia. Assim sendo, vejo que teremos a eleição do salário mínimo.


*Júlio Lóssio é médico, ex-prefeito de Petrolina e colaborador do blogdellas.

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