A conversa de Oprah com Viola Davis
Prefiro começar dizendo que Oprah Winfrey por onde passa altera o percurso. E se com a atriz Viola Davis acontece o mesmo, juntar as duas na mesma hora e em um só lugar, é provocar um acontecimento.
E é uma grande conversa entre elas, duas das mulheres negras mais bem-sucedidas do showbiz norte-americano que a principal plataforma de streaming do mundo exibe nos convidando a entender a história da atriz que além do reconhecimento no cinema, teatro e televisão, é ganhadora de um Oscar, um Emmy e dois Tonny Awards e que agora empresta sua marca ao mundo da literatura com Finding Me: A Memoir (HarperOne, 2022), autobiografia de Viola escrita durante a pandemia, é o tema da entrevista concedida pela atriz à Oprah. A conversa é franca .Trata de superação, vulnerabilidade, enfrentamento da violência e do racismo desde muito cedo.
Da infância miserável e de muita privação em Rhode Island, um dos estados norte-americanos mais frios, sem acesso a aquecimento, morando numa casa infestada por ratos que chegavam a pular em sua cama e a roer o rosto de suas bonecas enquanto ela dormia, Viola vem de uma realidade de muitos “nãos”. Como se o peso dessas adversidades não fosse suficiente, ainda enfrentou o racismo dos colegas de classe, que a perseguiam com paus e pedras chamando-a de “crioula feia”. Desde criança precisou criar suas estratégias de defesa para sobreviver, como levar uma agulha de crochê e ameaçar os seus agressores.
Agressões, inclusive, eram comum no seu ambiente familiar. Davis relata a necessidade de enfrentar seu pai após ele ferir a cabeça de sua mãe com um copo de vidro. Abusos sexuais também presentes na sua infância, numa época em que as pessoas não falavam sobre esse tema.
A atriz não se intimida em falar da sua própria vulnerabilidade. Davis relata que fez xixi na cama até os 14 anos, e que muitas vezes foi pra escola com o forte odor, pois não tinha acesso suficiente à higiene. A situação foi percebida por sua professora, que passou a dar doações. Quando perguntada sobre quando enxergou a atuação como um processo de cura, Viola assume que foi “no momento em que fiz a primeira esquete, aos nove anos. Ela afirma que, mesmo mesmo passando por processos de autossabotagem, até pensando em abandonar a própria carreira, essa cura prossegue.
A conversa em pauta torna-se , com certeza, uma narrativa de inspiração para muita gente. Vale demais assistir Oprah e Viola.
Redação do Blog Dellas. Imagem Netflix-Divulgação.