Raquel Lyra e João Campos adiam decisão sobre senado esperando federações e fusões partidárias

Por Terezinha Nunes
Os dois principais candidatos a governador de Pernambuco no ano que vem têm causado ansiedade nos oito pré-candidatos ao Senado em 2026
“Botar o carro na frente dos dois” é um ditado popular que expressa uma atitude precipitada, tomada antes que todas as coordenadas estejam postas na mesa. Quem age assim, corre o risco de uma rebordosa, o que pode ser mortal na política.
Os dois principais candidatos a governador de Pernambuco, a governadora Raquel Lyra e o prefeito João Campos, cujas pré-campanhas já estão expressas nas redes sociais, têm causado ansiedade nos oito pré-candidatos ao Senado em 2026 por estarem se recusando, mesmo de forma reservada, a se expressar sobre o que pensam dos companheiros de chapa que pretendem escolher entre as diversas opções apresentadas.
Indagada por um interlocutor há alguns dias sobre o assunto, a governadora Raquel Lyra explicou que a política está passando por uma transformação com federações e fusões entre partidos, um processo que ainda não terminou e que pode vir a surpreender muita gente.
Ela chegou a citar o caso de Pernambuco quando acaba de ser formalizada a Federação União Progressista, juntando o PP e o União Brasil. Se referiu ainda a uma fusão entre o PSDB e o Podemos que também repercutirá no estado.
MDB já estava no radar
A governadora, inclusive, já tinha conhecimento de algo que só foi revelado esta quarta-feira pelo presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, de que a legenda discute a possibilidade de se compor em federação com o Republicanos ou o PSD – ou com ambos.
“Como vou resolver o Senado se o quadro partidário é ainda incerto? – indagou. Com o prefeito João Campos está acontecendo a mesma coisa. Ficou no passado a famosa foto em que ele aparecia em praia do litoral sul junto com o ministro Sílvio Costa Filho e o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho, interpretado e nunca desmentido como um sinal de estava ali formada a chapa do ano que vem.
Hoje nem Sílvio e nem Miguel têm certeza de que isso vá ocorrer. Em privado, ambos têm confessado que João ainda não sabe o que vai fazer. Ou seja, foi-se embora a certeza de que ele os escolherá como companheiros de chapa.
Da mesma forma, se encontra o senador Humberto Costa, cuja candidatura é a prioridade petista a nível estadual em 2026 como afirmou no último final de semana o candidato a presidente nacional do partido, Edinho Silva, em visita ao Recife. O senador do PT continua conversando com a governadora, como sempre fez, e o PT se encontra dividido para decidir em que palanque subir.
Indefinição e a busca por Raquel Lyra
Já a governadora que até bem pouco tempo se dizia que estava sem nomes para compor sua chapa para o Senado, vem sendo cortejada por quase todos os pré-candidatos. Humberto nunca deixou de conversar com ela, inclusive sobre política, o ex-prefeito Miguel Coelho, com quem ela almoçou, reservadamente, em Palácio, não gostou que o encontro tivesse vazado mas disse, na ocasião, que não iria “fechar as portas para ninguém”.
Esta semana causou frisson no meio politico uma audiência de Raquel com o prefeito de Petrolina, Simão Durando ,e o deputado estadual Antonio Coelho, mostrada nas redes sociais pelo próprio prefeito e na qual, segundo apurou este blog, se falou de questões administrativas mas também de política.
Nos últimos dias, o ministro Sílvio Costa Filho tem se aproximado dela – os dois já vinham conversando – e aprofundado o descontentamento com o PSB depois que o prefeito de Lajedo, que o apoiava para deputado federal, bandeou-se para o deputado federal socialista Felipe Carreras.
Estão todos conversando
Em que vai dar tudo isso? “A verdade é que estão todos conversando e o limite partidário deixou de ser impeditivo para o diálogo” – afirma um deputado estadual sertanejo.
Não só o prefeito João Campos tem ampliado suas conversas como tem feito também Raquel, como os próprios pré-candidatos ao Senado estão fazendo questão de se encontrar e ainda celebrar os eventos nas redes sociais.
Depois que foi formada a Federação PP/União Brasil, o senador Humberto Costa teve uma longa conversa com o deputado federal Eduardo da Fonte, que vai comandar o grupo no estado, e registrou isso no seu instagran com foto e tudo.
Eduardo, por sua vez, soltou uma frase que casou espanto há poucos dias falando que “2026 se discute em 2026” quando indagado sobre o apoio a Raquel em cujo governo o PP controla sete órgãos. Depois ele se recompôs elogiando a governadora e falando que tinha sido mal interpretado mas passou dias para esclarecer isso.
Miguel Coelho e Eduardo da Fonte na mesma chapa?
O PP estaria pensando em tomar outro rumo? Dois deputados estaduais da legenda, muito muito próximos de Eduardo da Fonte, disseram a este blog que o grupo está fechado com Raquel. Um deles, porém, chegou a arriscar “Dudu (apelido de Eduardo da Fonte) sabe que um certo grau de incerteza é importante para ser considerado até o final”.
Na verdade, sabe-se que com a Federação e pretendendo se candidatar ao Senado, Eduardo vai lutar para que ele e Miguel componham a chapa para o Senado de Raquel. Isso se algo não surpreender no quadro volátil atual.
O MDB tem um senador, Fernando Dueire, no momento engajado na luta para ajudar o deputado estadual Jarbas Filho a conquistar a presidência do partido na eleição do dia 24 deste mês.
Isso ocorrendo, o partido pode sair da influência direta do prefeito João Campos, como acontece atualmente, e abrir conversações com a governadora, como desejam seus prefeitos. Agora com a possibilidade de uma Federação com o Republicanos ou PSD, uma decisão pode ser adiada.
Pés pelas mãos
Com todas essas incertezas em jogo, nenhum pré-candidato ao Senado vai poder culpar os candidatos a governador pela indefinição a respeito deles próprios. Só que a definição tem prazo.
Como há muitas opções de pré-candidatos, nenhum deles quer deixar de cultivar as bases para uma possível candidatura a deputado federal, caso o Senado não vingue. Foi por isso que Sílvio Filho protestou por Carreras ter tirado um prefeito seu.
A ansiedade é tanta que ele não percebeu que para estar na chapa ao Senado de João Campos vai precisar do apoio de Carreras que não deve estar nada satisfeito.
A pressa em política, tem dessas coisas.
Redação Blogdellas Fotos: divulgação
e-mail: redacao@blogdellas.com.br/terezinhanunescosta@gmail.com

