Documentário retrata mulheres da 1ª Seleção Brasileira Feminina de futebol
Fotografia da primeira Seleção Brasileira Feminina de Futebol
O documentário As Primeiras dirigido por Adriana Yañez, resgata uma parte esquecida da história do futebol brasileiro, revelando as trajetórias das mulheres que formaram a base da primeira Seleção Feminina de futebol do Brasil, nos anos 1980. O filme traz depoimentos de seis ex-jogadoras.
O longa dá voz às mulheres que enfrentaram o preconceito e a invisibilidade para ocupar um espaço que, durante décadas, lhes foi negado.
Elane dos Santos, Leda Maria, Maria Lucia da Silva, Marilza Martins, Marisa Pires, Roseli de Belo e Rosilane Camargo foram pioneiras em um tempo em que o futebol era proibido para mulheres. A prática só foi regulamentada em 1983, após mais de 40 anos de proibição imposta por um decreto do Estado Novo. “Esse grupo de pioneiras que a gente escolheu, elas habitam os mesmos bairros suburbanos cariocas que essas equipes apareceram na década de 40. Então, é quase que uma retomada”, observa Aira Bonfim, pesquisadora responsável pela investigação histórica que embasa o documentário.
Entre as protagonistas está Leda Maria Abreu, de 59 anos, moradora de Itaboraí, na região metropolitana do Rio. Ela entrou para a Seleção com apenas 17 anos e teve uma carreira profissional e 26 anos no futebol. “Trazer uma visibilidade pra gente, né, porque a gente teve um apagamento de uma geração inteira, e mostrar o quanto a gente lutou, o quanto a gente sofreu para estar dentro dos campos, lutando contra tudo e contra todos”, diz a ex-jogadora. Ela destaca também como o filme reaproximou as colegas, reacendendo o sentimento de amizade que nasceu dentro de campo.
Além de suas histórias no futebol, o longa acompanha suas vidas atuais, muitas marcadas por trabalhos informais e desafios financeiros.
Premiado na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes e no CineFoot, “As Primeiras” é um resgate histórico que celebra a memória e a resiliência dessas atletas pioneiras, destacando sua importância para o futebol feminino e sua luta contra o apagamento histórico no país do futebol.
Segundo a diretora Adriana Yañez, o documentário é mais do que um registro esportivo: é um retrato de resistência, sororidade e reconstrução. “Quase quatro décadas depois, elas continuam nas mesmas comunidades, vivendo de trabalhos informais, mas, mesmo assim, elas têm uma força, uma esperança e, ao mesmo tempo, um orgulho e uma alegria de terem tido a história que elas tiveram, de ter tido a oportunidade de jogar futebol e se conhecer”, afirma. De tempos em tempos, essas mulheres se reencontram para jogar bola e reviver, juntas, os laços forjados entre lutas e conquistas.
Onde assistir
O documentário chega ao streaming via ClaroTV e Vivo Play (Canal Brasil) neste 17 de abril e estreia no Canal Brasil em 17 de maio.
Redação com reportagem de Joana Cortês da Radio Nacional Foto: Olê Produções/reprodução
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