João Paulo critica “privatização dos parques” e diz que “cidade saudável não é mercadoria”

O deputado estadual João Paulo Silva, do PT, que foi prefeito do Recife por dois mandatos seguidos, considerou na tarde desta segunda-feira na tribuna da Assembleia Legislativa como “notícia disfarçada de progresso” a decisão do prefeito João Campos de passar a gestão dos parques da Jaqueira, Santana, Apipucos e Dona Lindu à iniciativa privada.

O parlamentar, que raramente faz críticas à gestão do Recife mas não se furta, em termos comparativos, de se referir ao que fez na capital quando prefeito, desta vez deu nome aos bois, como se diz na linguagem popular. “Os parques Dona Lindu, Jaqueira, Santana e Apipucos estão sendo entregues por 30 anos à empresa Viva Parques por uma outorga fixa irrisória de R$ 338 mil – valor que equivale a menos de 1% do que a Prefeitura gasta anualmente com asfalto”- afirmou.

Segundo ele, “Recife, uma cidade tão carente de áreas públicas de qualidade, não pode aceitar que seus parques virem produto. Essa privatização dos espaços públicos não é casualidade, mas reflexo de um modelo obcecado por produtividade e lucros imediatos, que negligenciam o bem-estar mental e social. O resultado? Uma cidade cada vez menos humana, mais excludente e uma população exausta, estressada, adoecida”

Restaurante no lugar de pista de bicicross

Para João Paulo “ o modelo de concessão desses parques exclui do seu uso a parcela vulnerável da população e afasta a participação social nas decisões. Ou seja, pinta-se uma fachada de espaço público perfeito mas muitos cidadãos – principalmente os periféricos, os negros e os pobres – seguem sendo sutilmente empurrados para fora dele”.

Ele criticou a proposta de demolição da pista de bicicross da Jaqueira “um equipamento de 40 anos que forma atletas e acolhe projetos sociais, para construir restaurantes. No lugar da pista histórica, uma versão menor será instalda em um canto escondido do parque. Quem perde? As crianças e os jovens, a comunidade de que há décadas usa aquele espaço para lazer e inclusão”.

O deputado citou o Programa Academia da Cidade de sua administração como “uma politica que transformou praças e parques em espaços de saúde, lazer e integração comunitária”. E concluiu: “cada vez que ocupamos uma praça com cultura e solidariedade, como no Estelita, ou barramos a privatização de um parque reafirmamos que a cidade não pode ser reduzida a um shopping center. Ela é um espaço de vida diversidade e encontro”.

– “Que o Recife não se renda à lógica dos muros. A cidade não está à venda e sem ela, não há vida digna possível”- concluiu.

Redação Blogdellas Foto: divulgação

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