Vitória faz o carnaval dos bichos, que reúne multidões e é um dos mais expressivos do estado
Pesqueira tem os caiporas, Triunfo, os caretas, Bezerros, os papangus e Nazaré os caboclos de lança mas há outro município pernambucano cujo carnaval data de 1902, quando foi criado o primeiro clube carnavalesco, O Leão, que escolheu os bichos como bandeiras de sua folia que reúne multidões em desfiles diários de carros alegóricos cada um deles representando um animal. Depois do Leão veio o Camelo, a Girafa, que está fazendo 75 anos neste 2025, a Zebra, Urso, Sapo, Galinha, Boi, Gato, Tatu, Coelho, Bode e Galo, para citar alguns.
Os vitorienses costumam dizer que o carnaval deles é anterior ao frevo – “O Leão é de 1902 e o frevo só surgiu em 1908” afirma o prefeito Paulo Roberto Arruda que arrisca passos de frevo e sonha em ver o carnaval do município , que conta com 100 agremiações carnavalescas que saem às ruas desde a semana pré, fazer parte do calendário oficial do estado, com o mesmo destaque reservado aos demais do interior do estado.
A Casa do Carnaval, como é chamada, é destaque na rua principal onde o desfile inicia com um abre alas de jovens com as cabeças representando os animais. É nela que mora dona Betinha, de 85 anos, que, com a ajuda da família, sobretudo do filho Marcone Sandres e dos netos que prepara as ricas fantasias dos destaques dos carros alegóricos. “Minha màe já está muito idosa mas passou para a família sua rate de forma de que não vamos deixar tudo isso desaparecer”- afirma Marceone.
Mulheres e crianças compõem os carros ao lado dos bichos. Houve tempo em que as torcidas se engalfinhavam torcendo pelos clubes mas hoje reina a paz, como destaca Iza Arruda, lembrando de uma característica do carnaval vitoriense, o de ser “muito família, juntos adultos e crianças, pais e filhos participam sem que se veja uma desavença”. Ela lembra, a respeito, que o município no ano passado foi um dos menos violentos de Pernambuco e está há 37 dias sem homicídios.
Ao contrário de outros locais onde as atrações musicais estão ficando mais destacadas do que os clubes carnavalescos tradicionais, em Vitória há um palco mas nenhuma atração que roube o público do desfile onde os próprios habitantes se vêm nos carros alegóricos através dos animais preferidos e do destaques e suas belas fantasias.
Com cem agremiações carnavalescas, o carnaval vitoriense não vive só dos bichos. Há blocos variados, maracatus, caboclinhos e até um bloco de fado, a música portuguesa. Os componentes se vestem caracterizados, acompanhados de uma orquestra que têm de instrumentos de sopro a violinos e entoando fados variados.
Vitória de Santo Antão, tem este nome em homenagem ao Santo Antão, um santo português muito venerado na Ilha de Santo Antão, em Cabo Verde (Portugal), onde nasceu Antonio Diogo Braga que 1626 se fixou nas terras vitorienses com família e amigos dando origem a um povoado.Com 140 mil habitantes, sendo o quarto mais populoso do interior do estado, Vitória foi sede da primeira batalha contra os invasores holandeses , a Batalha das Tabocas, travada no monte do mesmo nome e ganha pelos pernambucanos em 1645. Vem daí a tradição do carnaval e da importante presença portuguesa na história municipal.
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