Fator Trump: Biden faz o sinal da cruz, Lula deseja êxito e Papa pede não exclusão e paz
Com um mundo em guerra, a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a maior e mais importante nação do mundo, ao lado das promessas do novo presidente, para lá de preocupantes, (deportação em massa de imigrantes, guerra tarifária, ameaça de retomada do canal do Panamá), foram o assunto em todo o planeta esta segunda-feira, dia de sua posse. O temor do que possa acontecer, num momento em que o Ocidente precisa mais do que nunca do apoio americano, gerou algumas reações incomuns. O ex-presidente Joe Biden, em sua fala de despedida a apoiadores, começou dizendo – “viram o discurso de hoje? Temos muito a fazer” e fez o sinal da cruz diante das câmeras.
O sinal da cruz é usado pelos católicos para pedir proteção a Jesus. Como católico praticante Biden estava se referindo ao que dissera Trump de preocupante no discurso de posse. Já o presidente Lula que apoiou Biden contra Trump, desejou ao novo presidente “ um governo exitoso” e apelou pela manutenção da “ parceria histórica Brasil/Estados Unidos”. O Papa Francisco que, dias antes, considerara “uma vergonha” a promessa de Trump de fazer deportação em massa preferiu falar uma linguagem mais amena e pediu a construção de “uma sociedade mais justa, onde não haja espaço para ódio, discriminação e exclusão. Deus o guie na promoção da paz”- concluiu em sua mensagem.
Disposto, porém, a fazer o que prometeu, embora, como ressaltam analistas internacionais, costume dar a mão à palmatória e recuar se perceber que algo deu errado nas suas decisões, Trump mais aterrorizou do que tranquilizou em diversos discursos – alguns de improviso – que fez durante o dia para plateias diferentes. Além de manter a decisão de deportar inicialmente todos os imigrantes que tenham alguma passagem pela polícia e fazer uma caça a todos os ilegais, manteve-se firme e chegou a ser descortês com Biden dizendo na frente dele, no discurso do Capitólio, que o ex-presidente permitira que assassinos se multiplicassem nos EUA, ao não deportar tantos imigrantes quanto era necessário – Biden deportou 1 milhão e 500 mil até setembro deste ano e Trump deportou igual número nos quatro anos de Governo.
Só masculino e feminino
Mas o novo presidente não deixou por menos e acrescentou novas decisões em um dos seus discursos como a de só considerar a existência dos sexos masculino e feminino, colocando abaixo o movimento LGBTQIA+ que é forte entre os americanos, a de extinguir qualquer política de inclusão existente no Governo americano e a de incentivar a iniciativa privada a fazer o mesmo. Falou que a questão da cor não será considerada pelo Governo para beneficiar ninguém, deixando claro que os negros, por exemplo, não serão atendidos por políticas públicas inclusivas. Como é de praxe nos EUA, Trump não convidou, oficialmente, chefes de estado para a posse – os poucos que foram entraram como cota pessoal sua – mas estavam lá pertinho dele e da família no Capitólio os mais importantes CEOS da Bic Techs, que prometeu incentivar: Elon Musk (“X”), Jeff Bezos (Amazon) e Mark Zuckerberg ( Meta).
Cem decretos
O mundo ainda aguarda os pormenores dos 100 decretos executivos que prometeu assinar ontem mesmo. Ele não falou da anexação da Groenlândia, como prometera , mas citou a anexação do Canal do Panamá, sob a alegação de que quem manda lá é a China ( foi refutado ontem mesmo pelo presidente panamenho) e a transformação do Golfo do México em Golfo da América. Ninguém é capaz de adivinhar o que virá inclusive de medidas econômicas, o que mais preocupa, incluindo aí as taxações do comércio entre os Estados Unidos e o resto do mundo. Em um tempo de globalização, Trump quer fechar os EUA em si mesmo. Vai dar certo?
Fala demais
O que tem causado alguma tranquilidade entre os países que negociam com os americanos, entre eles o Brasil, é que muitas das reformas anunciadas por Trump podem não dar certo nem mesmo para os Estados Unidos. E assim como, embora tenha cobrado ontem de Biden, não fez deportações superiores ao seu adversário no seu primeiro mandato, o novo presidente reveja muito do que falou ou seja rendido pelos acontecimentos. Entre as ideias impensáveis de ontem está a promessa feita pelo seu mais próximo auxiliar, Elon Musk, de mandar uma missão de americanos para o planeta Marte.
Como estará o mundo pós Trump daqui a quatro anos?
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