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Guerra de números marca antecipação da disputa de 2026

Com João Campos eleito se sabia, de antemão, que o jogo de 2026 dominaria o cenário, mas a rapidez surpreendeu a política pernambucana

No princípio de 1998, ano que marcou um dos mais expressivos embates na eleição para governador de Pernambuco, com Miguel Arraes e Jarbas Vasconcelos se enfrentando diretamente após anos de convivência pacífica, o PSB publicou nos jornais estaduais uma relação de 120 prefeitos aliados de Arraes, então governador, mostrando que ele teria força política para ganhar a eleição.

Naquele ano, porém, Jarbas derrotou Arraes por 1 milhão de votos. Um deputado estadual lembrava esta semana esse fato para estranhar a guerra estabelecida nos últimos dias em torno do número de prefeitos eleitos pelo PSB do prefeito João Campos e o PSDB da governadora Raquel Lyra.

Com João Campos eleito se sabia, de antemão, que o jogo de 2026 dominaria o cenário, mas a rapidez surpreendeu. Fechadas as urnas e divulgados, pela imprensa, quantos prefeitos o PSB e o PSDB elegeram (31 cada) a guerra dos números se estabeleceu. Como o PSDB citou que o Governo elegera 123 prefeitos, juntando os partidos da base de Raquel e prefeitos de outras legendas que assumiram compromisso com a governadora, o PSB se apressou informando que ganhou a eleição municipal em número de votos – só no Recife foram mais de 700 mil.

PSB fez gráfico para dizer que Raquel perdeu

O presidente estadual do PSB, deputado Sileno Guedes, distribuiu um documento, com gráficos e tudo dizendo em manchete – “ Governo estadual tem a maior derrota política da história”. Um dos gráficos cita, desde Jarbas Vsasconcelos, quantos prefeitos cada governador elegeu e afirma, ao contrário do que citou o PSDB, que Raquel não teria elegido 123 prefeitos mas 87. A respeito disso, o deputados estadual Cleber Chaparral (União Brasil) que elegeu 8 prefeitos, tendo ele próprio derrotado o PSB em Surubim, disse a este blog que todos os seus prefeitos, inclusive de legendas de oposição, vão estar com Raquel.

“A luta pelo Governo será uma guerra” – disse a este blog um observador astuto da política estadual, explicando que o ano já está terminando neste nível de tensão embora faltem dois anos para a eleição. O motivo para a antecipação estaria no fato do prefeito ter deixado claro – até hoje não desmentiu – que será candidato a governador, embora seja obrigado a continuar na Prefeitura até o primeiro semestre de 26.

Assembleia vira palco

O principal palco do embate será a Assembléia e isso ficou claro no primeiro dia de plenário esta quarta-feira, após o recesso branco do período eleitoral, quando deputados do PSB e da base do Governo se revezaram na tribuna interpretando, cada um a seu modo, os números saídos das urnas. O exemplo de Arraes contra Jarbas, citado acima, deve ter sido esquecido por todos.

O presidente estadual do PSDB, Fred Loyo, de fala mansa e semblante tranquilo parece não querer entrar no jogo mas dá sua interpretação : “ nós não estamos em guerra. Quem está em guerra é o PSB que nunca imaginou que íamos fazer tantos prefeitos e está tentando criar uma narrativa de que fomos derrotados. Respeito Sileno mas ele está muito enganado. Eles estão incomodados porque elegemos 31 prefeitos e 33 vice-prefeitos, dois em redutos antigos do PSB como Surubim e Sertânia, ganhamos em Caruaru e Jaboatão no primeiro turno e estamos disputando Olinda e Paulista no segundo turno com grande possibilidade de vencer nas duas cidades”.

Mais afoito, o deputado Antonio Moraes (PP), um dos que defendeu a governadora no plenário da Alepe, afirmou sobre os gráficos de Sileno: “ eu quero saber quem perdeu. Se foi o PSDB que não tinha quase nenhum prefeito e chegou a 31 ou o PSB que saiu de 123 para 31”.
Pelo visto, esta guerra está mesmo longe do fim.

Terezinha Nunes para JC – Foto: Divulgação

E-mail: redacao@blogdellas.com.br

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