Visita de Bolsonaro ao Recife expõe estratégia clara de polarização da eleição
Cidade onde esquerda e direita tem cerca de 1/3 dos votos dos votos cada uma – o centro fica com o outro terço – o Recife deu 43,68% dos seus votos na eleição de 2022 ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O candidato bolsonarista ao senado na época, o ex-ministro Gilson Machado, atual candidato do PL a prefeito da capital, teve 39,04%. Com estes números na cabeça, Bolsonaro desembarcou esta quarta-feira no Recife com uma agenda bem articulada e um único propósito: dar início a uma polarização na campanha que possa garantir a Gilson entre 20 a 30% dos votos. “Se Gilson chegar a 25 ou 30% a eleição vai para o segundo turno com ele como cabeça da oposição”- confessou a este blog um dos estrategistas do PL, o coronel Alberto Feitosa.
Coube a Gilson que, durante a carreata que começou no Aeroporto e acabou no centro do Recife ficou diversas vezes em pé segurando a porta do lado direito do automóvel e acenando aos apoiadores – Bolsonaro ocupou o mesmo local do lado esquerdo- deixar clara a estratégia bolsonarista: “Lula é João Campos, João Campos está com Lula. Fora João Campos e fora Lula” gritou diversas vezes recebendo aplausos. O ex-presidente almoçou no restaurante Leite e de lá foi ao Recife Antigo onde também desfilou de automóvel acenando ao lado de Gilson e seguido por apoiadores que ocuparam a frente, as laterais e a parte de trás de uma mini-carreata. Uma missa foi providenciada para que o ex-presidente a assistisse na Igreja da Conceição dos Militares, assim como uma visita à Sinagoga da Rua do Bom Jesus, onde os dirigentes o receberam e agradeceram pela defesa do estado de Israel.
Como a influência do Recife estende-se por municípios metropolitanos Bolsonaro foi a Olinda para a estratégica Padaria Tradição, em Jardim Atlântico, comandada por um bolsonarista, onde se encontrou com a candidata a prefeita da cidade pelo PL, Isabel Uquiza, e os candidatos a prefeito de Caruaru, deputado federal Fernando Rodolfo e de Petrolina, a jornalista Lara Cavalcanti. Logo que chegou, sua presença atraiu a vizinhança provocando uma grande aglomeração: “ele é assim, um fenômeno, onde chega junta gente”- comentou Feitosa explicando porque, além da militância fardada de verde e amarelo, muitas pessoas de vestimentas diversas se juntaram ao grupo.
Jaboatão esta sexta
Esta sexta pela manhã Bolsonaro comparece a um culto na Igreja Quadrangular, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes e depois vai a Gravatá, Caruaru, Vitória de Santo Antão, Carpina e Itambé. No sábado pela manhã comanda outra carreata saindo da padaria Boa Viagem às 10 horas e se dirigindo ao Clube Português onde falará para militantes de todo o estado. Em Olinda, uma das poucas vezes em que falou, o ex-presidente foi sucinto. Disse que volta Pernambuco após o dia 16 quando já vai ser possível fazer campanha com bandeiras e outros materiais de propaganda. “Vocês me fizeram hoje recuperar as energias. Estou me sentindo um jovem de 20 anos”.
Manifestação antes da época
O que se viu nas ruas do Recife e Olinda esta quarta-feira foi um total descumprimento às regras eleitorais que proíbem manifestações públicas, citando, explicitamente, carreatas nesta época. Os candidatos só poderão ir festivamente às ruas após o dia 16. Embora os bolsonaristas tenham alegado que o ex-presidente não é candidato, o verdadeiro candidato, Gilson Machado, estava com ele, era aclamado e chegaram os dois a exibir (foto acima) uma bandeira do Recife, numa clara alusão à eleição da capital.
João Paulo expõe estado de ânimo dos petistas
O deputado estadual João Paulo Silva disse esta quarta-feira em entrevista à Rádio Folha que a militância do PT “está triste a abatida” e que isso “pode colocar em risco o seu engajamento na campanha do prefeito João Campos”. Tudo, segundo ele, pelo fato do PSB não ter aceitado dar a vice ao PT. E adiantou “as principais lideranças partidárias também estão insatisfeitas. Só não falam”.
As carreatas do PL com Bolsonaro e Gilson Machado vão gerar alguma reclamação na Justiça Eleitoral?
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