O jogo do perde-perde

 

É conhecida a máxima popular do jogo do perde-ganha em que alguém arisca-se a perder uma batalha para garantir a vitória na guerra. Na eleição deste ano em Pernambuco a Frente Popular resolveu, na questão da escolha do candidato a vaga de senador, jogar o jogo do perde-perde. Chega à semana santa com três postulantes ao cargo em uma luta fraticidana qual ninguém ganha e todos podem perder.


A politica ensina que um candidato não pode ficar exposto na vitrine muito tempo se  na frente dela há um grupo de quebra-vidraças. Se em 2020, como afirmou o deputado federal André de Paula, o PSB garantiu ao PSD a vaga no senado em 2022, como se explica mantê-lo na exposição pública recebendo bordoadas explícitas ou veladas da esquerda há quase dois meses?

André, que chegou a demonstrar de forma clara seu desagrado – coisa incomum no seu estilo polido de fazer política – ficou uns dias recluso mas voltou a acompanhar o governador Paulo Câmara pelo interior ao mesmo tempo em que, segundo um amigo íntimo, revelou aos mais próximos que recebeu do governador a garantia de que será o nome ungido para estar ao lado de Danilo Cabral no palanque majoritário deste ano.

Se o PSB nunca pensou em desistir do acordo com André por que mantê-lo na vitrine da incompreensão, com o PCdoB lançando Luciana Santos de forma festiva como pré-candidata e o PT, depois de marchas e contra-marchas, soltar até nota oficial garantindo que o deputado federal Carlos Veras é o seu escolhido para o mesmo lugar.

Como lembrou ontem um deputado estadual governista, no final estarão todos desgatados. Esse mesmo deputado lembra que o ex-governador Eduardo Campos jamais faria isso: “escolhia os nomes na surdina e eles só apareciam na hora de serem anunciados. Quando não havia mais chance de reação”.

Petardos desnecessários

Há quem concorde com essa estratégia, como o dirigente do PT, Oscar Barreto, para quem “o governador Paulo Câmara tem um estilo próprio e deixa que o debate político seja travado mesmo em relação a ele mesmo”. Lembra que Paulo pensou em ir para o senado mas o PSB foi contrário à sua saída do Governo “e ele aceitou sem problemas”. Oscar, porém, foi um dos que discordou da vice Luciana Santos que se lançou sem as bênçãos do PSB só que dificilmente isso ocorreria se um nome já tivesse sido escolhido. Ela navegou no vácuo.


Fritura de André
 

Depois de alguns discursos da militância do PT na reunião realizada anteontem foi no sentido de que a escolha de André de Paula representaria um atraso, como disseram alguns presentes, ontem a vice governadora Luciana Santos deixou claro, em entrevista à Rede Pernambucana de Rádio, que seu nome está posto pelo PCdoB desde o início para evitar retrocessos e a eleição de uma chapa que não corresponda aos ideais de Lula. Mais clara impossível. Até porque falou que vai discutir sua postulação “com os partidos da Frente Popular que estão no nosso campo”.  Excluiu naturalmente o PSD de André.

Oposição se beneficia da estratégia governista

De uma forma ou de outra, como só um dos três proponentes vai ser ungido, dois ficarão com a marca de preteridos e o terceiro já vai partir tardiamente para a disputa quando a oposição ganha força, no rastro da confusão governista. Ou seja, ninguém vai ganhar com a disputa. Se o PSB já tivesse com a chapa formada a essa altura os que estariam sendo cobrados para formar as suas eram os múltiplos candidatos de oposição. E no momento só Anderson Ferreira(PL) tem candidato ao senado. Marília, Miguel e Raquel nem falam sobre isso, ou por estratégia, ou porque aguardam o palanque governista se formar para ver que nomes podem se contrapor melhor ao palanque socialista.

O samba-do-crioulo-doido

       Se a eleição presidencial anda mexendo com o humor do país, as pesquisas de intenção de voto divulgadas nos últimos 15 dias por institutos qualificados têm colocado ainda mais água na fervura, confundindo os mais qualificados dos mortais. Quaest, Ipespe e Sensus apontaram uma diferença de 14 pontos entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. A Paraná Pesquisas mediu uma diferença de 6 pontos, o PoderData de 5% e finalmente o GERP de 2%. O economista Maurício Romão fez uma média e apontou que Lula teria 41,8%, e Bolsonaro, 32,5%. Talvez seja essa a realidade, nem muito ao mar, nem muito à terra.

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

 

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