Briga política em Serra Talhada envolvendo Márilia pode ir até o dia da eleição

 

A eleição de Serra Talhada, como previu este blog desde que vieram à tona os primeiros problemas de relacionamento entre a ex-deputada federal Marília Arraes e o deputado estadual Luciano Duque, caminha para um acirramento sem precedentes. Foi o que se viu esta sexta-feira quando Marília deu entrevista à Rádio Folha, acusando Duque de ter ficado na base de Raquel sem antes combinar com ela. O deputado, que acabara de dar uma entrevista no município anunciando sua pré-candidatura a prefeito, disse que vai “até às últimas consequências”  para garantir o seu direito de disputa e acrescentou: ”já não basta a violência praticada contra mim, negando-me o direito legítimo de disputar pelo meu partido ou de deixar a legenda, a tempo de me filiar a outro partido”.

À afirmação de Marília sobre sua ida ao presidente nacional do partido, Paulinho da Força, sem antes comunicar-lhe, Duque explicou: “fui a Paulinho porque sabia que Marília não me queria na disputa e precisava saber se o partido poderia me liberar a tempo de mudar de legenda pois essa é uma decisão nacional. Ele me pediu para procurá-la. Eu telefonei diversas vezes para ela, tenho todos os registros, e a resposta era sempre a mesma: de que esperasse, mas nunca tive resposta. Entendi que ela não queria acordo para me deixar sair legalmente do partido e então, quando estava para vencer o prazo de filiações, registrei as chapas de vereadores no Podemos. As chapas que havia preparado para o Solidariedade. Não poderia deixar os candidatos a vereador correndo o risco de não ter legenda”.

“É estranho Marília dizer que não gostou do meu posicionamento na Alepe votando, como quase toda a bancada, nas pautas do Governo importantes para o estado e dizendo não quando necessário, como foi no caso do salário dos professores, e subir, como ela pretende subir, no mesmo palanque de Raquel”- afirma o deputado, acrescentando: “Todos sabem que Márcia é candidata de Raquel e que Marília, através de Sebastião Oliveira, comprometeu-se a levar o Solidariedade para a prefeita. Já tem até data marcada”. Ele se refere ao dia 1.o  de junho quando estaria programado um evento em Serra para que o Solidariedade anunciasse o apoio a Márcia. Luciano reitera que vai à convenção municipal do partido se apresentar como candidato: “vou ganhar a eleição”.

Plano B

              Embora vá tentar, até o final ,a possibilidade de disputar pelo Solidariedade, todo o mundo político sabe que Luciano tem um plano B. O de, não conseguindo, lançar outro nome pelo Podemos, onde estão seus candidatos a vereador. Neste caso pode indicar o filho. Resta saber se, como fez há quatro anos atrás, quando elegeu Márcia, a atual prefeita, para sucedê-lo – ela nunca tinha disputado mandato e era sua secretária de saúde – vai agora repetir o feito.

Plano bem urdido

            O apoio de Marília a Márcia Conrado teria uma explicação simples: tirar Luciano do páreo. Em todas as pesquisas feitas até agora ele é o único capaz de derrotar a prefeita. Como não aceita acordo com o PSB, embora afirme que Marília nunca o procurou sobre isso, ele acabou sendo uma pedra no sapato dos socialistas. Isso explicaria o apoio de João Campos a uma candidata de Raquel no influente município do sertão pernambucano. Márcia eleita seria de mais fácil convivência com o PSB, sem contar que é do PT, partido aliado dos socialistas. A chegada de Marília , se realmente acontecer, tem a participação do ex-deputado federal Sebastião Oliveira que foi vice dela em 2022 e que está agora com a prefeita e com João Campos. Em eventos com a candidata, Sebastião fala de João como o futuro o governador de Pernambuco,  em 2026.

Compaz na rota do prefeito

             Os Centros Comunitários da Paz (Compaz) são a vitrine do prefeito João Campos que busca a reeleição. Ontem ficou claro que serão também do PSB. O prefeito levou os pré-candidatos a prefeito de Jaboatão, Elias Gomes, e de Olinda, a deputada estadual Gleide Ângelo, para conhecerem o funcionamento da Rede Compaz. No final declarou que disponibilizava o projeto para todos os municípios pernambucanos interessados. Elias já está com seu bloco na rua patrocinado pelo PT mas tem apoio do PSB. Gleide é do PSB mas o partido ainda não oficializou o seu  nome pois busca um entendimento da esquerda olindense.

Terminada a eleição e, caso se reeleja, quem a prefeita de Serra Talhada apoiará em 2026: João Campos ou Raquel?

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