A situação do Rio Grande do Sul, o saneamento básico e as eleições deste ano

 

A tragédia que destruiu cidades e matou mais de uma centena de pessoas no Rio Grande do Sul tem dois componentes: o problema ambiental enfrentado no mundo todo, decorrente do aquecimento global, e outros fatores correlatos como construção de moradias em lugares muito próximos dos rios e a falta de manutenção do sistema de drenagem em um estado quase falido. Este ano, por exemplo, o Governo do Rio Grande trabalha com uma previsão de déficit de R$ 3 bilhões no orçamento que é de R$ 83 bilhões. A crise financeira gaúcha é tão grande que Eduardo Leite foi o primeiro governador reeleito. Os demais ficaram no primeiro mandato, derrotados pelas urnas e crises financeiras.

Mas, se a questão climática global depende de iniciativas que não tem a ver apenas com um estado mas com o país como um todo e o próprio mundo, o saneamento básico é fundamental para minimizar essas tragédias, e por ele respondem estados e municípios. Durante muito tempo se pensou que o saneamento básico estava restrito a abastecimento d’água e rede esgotos. Mas, além desses, ele tem outros componentes como manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas urbanas.

Se na questão do abastecimento d’água e de rede de esgotos o responsável maior é o estado, os outros dois são de responsabilidade dos municípios, daí porque a tragédia do Rio Grande do Sul tem a ver com as eleições deste ano. O que vão falar os candidatos a prefeito sobre o tema? O que vão dizer, sobretudo os prefeitos que buscam reeleição? Segundo o ranking de saneamento básico do Instituto Trata Brasil relativo a 2022 Recife e Jaboatão fazem parte das 20 cidades brasileiras com piores notas no ranking do Saneamento Básico. No  Recife , uma cidade cercada de rios e canais e sujeita a marés altas frequentemente, 98% da população recebe água tratada mas só 49,5% é servida por rede de esgotos. Do esgoto coletado, só 75% é tratado. Em Jaboatão, 81,43% tem acesso a água mas só 24,64% são servidos por rede de esgoto e apenas 31,34% do esgoto recolhido passa por tratamento.

Manejo da água

Por óbvio, os prefeitos poderão remeter a cobrança sobre o abastecimento de água e a rede esgotos ao estado mas qual deles cobrou efetivamente do estado essas providências ou fez parcerias nesse sentido?  O que têm feito os prefeitos no manejo de resíduos sólidos – isso contempla também a coleta seletiva de lixo – e drenagem das águas que enchem ruas e avenidas costumeiramente no período chuvoso? Não se consegue ver providências nesse sentido e tanto Recife quanto Jaboatão e outros municípios metropolitanos são afetados não só pela chuva que caí mas pela água  que retorna quando a drenagem não é suficiente. Exemplos não vão faltar.

Nordeste

O Norte e Nordeste brasileiros são as regiões com menores índices de saneamento básico mas há capitais em situação bem melhor do que outras. Para ficar nas maiores capitais regionais, Salvador tem 98,76% de sua população atendida por abastecimento d’água e 88,34% por rede de esgotos. Do esgoto recolhido, 96,79% recebe tratamento. Em Fortaleza, 84,06% da população tem acesso a água tratada e 62,85% a rede de esgotos. Do esgoto recolhido 96,79% passa por tratamento. As duas estão bem à frente do Recife.

Saneamento e saúde

Segundo Instituto Trata Brasil, a falta de saneamento, aí englobando todos os itens abordados acima, provoca muitas doenças como disenteria bacteriana- sobretudo em crianças – doenças de chagas, cólera, esquistossomose, leptospirose, febre tifoide, zika, dengue, chikungunya, malária e febre amarela, frequentes em áreas sem recolhimento de tratamento de esgotos além de drenagem. Talvez por isso Pernambuco e o Recife, em particular, foram as áreas brasileiras mais penalizadas pela epidemia de zika de 2015 e 2016.

Mães de Pernambuco

A governadora Raquel Lyra comemorou este domingo o início efetivo do programa Mães de Pernambuco, ressaltando que mais de 72 mil mães carentes com filhos de até 6 anos amanhecerão esta segunda-feira com R$ 300,00 a mais na conta que possuem na Caixa Econômica Federal e pela qual já recebem o bolsa família. A cada mês o estado vai pagar a essas mulheres R$ 300,00 para ajudá-las a comprar alimentos para as crianças.

Iza dá R$ 1 milhão ao Rio Grande do Sul

A deputada federal pernambucana Iza Arruda (MDB) não esperou soluções nacionais neste sentido. Esta sexta-feira destinou R$ 1 milhão em emenda parlamentar a que tem direito para ajudar na reconstrução do Rio Grande do Sul.

Qual Região Metropolitana brasileira e, sobretudo, nordestina, resistiria se fosse afetada pelas chuvas que inundaram o Rio Grande do Sul?

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