Governadora contém rebelião do PP mas pendências continuam

 

A governadora Raquel Lyra agiu a tempo para conter um movimento rebelde do PP, principal partido que a apoia na Assembléia, mas esta terça-feira ainda era visível o descontentamento da legenda, provocado pelo fato dela ter garantido secretarias a diversos partidos que passaram a apoiá-la, nenhum deles com representação na Alepe, mas não ter oferecido o mesmo aos Progressistas. “Não temos apenas 8 deputados estaduais mas dez porque outros dois, Dannilo Godoy e Romero Sales, são de outras legendas mas nos acompanham nas votações” – lamentou um parlamentar, preocupado com o rumo que as coisas tomaram e as cobranças que os próprios deputados têm feito à direção partidária.

A confusão teve início no final de semana quando foi divulgado que o Podemos iria ocupar a secretaria da agricultura, uma das mais cobiçadas pelo Progressistas. O presidente estadual, deputado federal Eduardo da Fonte, fez vazar a informação de que reuniria na tarde do mesmo dia as bancadas do PP para, entre outros assuntos, liberar a direção do Recife para dialogar com os candidatos a prefeito, deixando claro que o partido poderia vir a apoiar o prefeito João Campos, candidato à reeleição. Mesmo com o dia corrido pois às 17 horas empossaria quatro novos secretários, a governadora convidou Eduardo da Fonte a Palácio para uma conversa longa na qual ficou decidido que o PP abortaria o encontro programado e aguardaria uma resposta do Governo no máximo até segunda-feira.

Feito o acordo, os parlamentares, que já estavam reunidos na sede do partido, foram liberados depois de posar para uma foto e convidados para uma nova reunião na segunda-feira. A mobilização da governadora foi providencial. Este blog apurou que pelo menos um deputado federal aliado ao prefeito já tinha ligado para Eduardo com o objetivo de se inteirar dos acontecimentos e acenando com apoio. Mas o clima no PP ainda é de incerteza. A conversa de Raquel com Eduardo da Fonte foi franca e objetiva, segundo um deputado com acesso ao Palácio das Princesas, mas não fluiu tanto quanto a legenda desejava. O partido reivindica um espaço importante no secretariado que seria ocupado por um deputado estadual da escolha da governadora, para tornar possível a volta para a Assembléia da ex-deputada Roberta Arraes que, mesmo tendo tido 42 mil votos em 2022, ficou na primeira suplência do Progressistas.

Pedido antigo

Ontem nos corredores da Alepe se comentava que na primeira conversa que teve com a governadora após a vitória, Eduardo da Fonte colocou para ela o desejo do partido de que Roberta Arraes voltasse para a Alepe. Naquele momento ela teria esclarecido que, como não desejava compor o secretariado com políticos ou indicações partidárias, pedia ao PP a compreensão para o fato. Naquele momento, nem mesmo o ex-deputado federal Daniel Coelho estava garantido na equipe, o que se resolveu depois mas o Progressistas não chiou: “tiramos por menos, sabíamos que Daniel não podia mesmo ficar fora e relevamos. Agora que houve esta abertura política voltamos a colocar na mesa a nossa solicitação desde o primeiro momento”- disse um membro da executiva do partido a este blog.

A Importância do PP

Além de ter total controle dos seus deputados, o PP é hoje a legenda que mais garante votos para o Governo na Alepe. Sua participação tem sido fundamental sobretudo após o afastamento entre a governadora  e o presidente da Assembléia, deputado Álvaro Porto. Sem a legenda ela não teria conseguido fazer as presidências das três principais comissões da casa pelas quais passam todos os projetos que são encaminhados para votação em plenário. Para ter todos esses deputados sob seu comando, no entanto,  o PP tem, ao longo do tempo, ocupado espaços importantes nas administrações estaduais, tendo batido recorde na administração Paulo Câmara. Ficou calado enquanto pode atender aos apelos de Raquel mas agora colocou as unhas de fora.

PL em cima do muro

Os deputados estaduais do PL não estão apoiando como esperado a governadora Raquel Lyra. Um deles, coronel Alberto Feitosa, é o principal opositor a seu Governo na Alepe e outros dois, Joel da Harpa e Abimael Santos, fazem críticas à governadora em defesa dos policiais. Só votam fechado com o Palácio os deputados Renato Antunes e Nino de Enoque. O caldo começou a entornar neste segundo ano de mandato. E a insatisfação do Governo já chegou aos ouvidos da direção estadual do partido. O PL tem hoje o comando do Detran, órgão mais importante do que algumas secretarias.

No evento de Bolsonaro

Toda a bancada do PL na Assembléia vai estar presente dia 25, na avenida Paulista, em São Paulo, com o objetivo de participar de ato público ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro. A convocação foi feita pela direção estadual da legenda. O presidente estadual Anderson Ferreira estará à frente da comitiva. Os deputados federais que confirmaram presença foram André Ferreira, Coronel Meira, Pastor Eurico e Fernando Rodolfo. Quem também vai comparecer é a deputada federal Clarissa Tércio, do PP.

O PP pode mesmo romper com a governadora ou  está apenas exercendo o “jus esperneandi “(direito de espernear)?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br/terezinhanunescosta@gmail.com

Compartilhar