Com problemas na segurança, Raquel já perdeu as três mulheres que nomeou na área

 

Primeira mulher a governar o estado, a governadora Raquel Lyra tem dado grande prestígio ao segmento feminino que hoje comanda a maior parte das secretarias estaduais. No início do seu mandado, chegou a causar euforia a decisão dela de quebrar um tabu, nomeando três mulheres para funções de destaque na área de segurança : a delegada da PF, Carla Patrícia, assumiu o posto mais alto do setor, a secretaria de Defesa Social; a advogada Lucinha Mota foi nomeada secretária de justiça e direitos humanos à qual estava subordinado o problemático sistema penitenciário, e a delegada Simone Aguiar recebeu a função de Chefe da Polícia Civil.

Passado um ano e um mês do seu mandato, Raquel perdeu as três. Carla Patrícia e Lucinha Mota pediram para deixar os cargos e Simone Aguiar foi substituída esta segunda-feira. O que teria causado essas mudanças? Esta tem sido uma pergunta sem resposta clara desde que as substituições começaram a acontecer. Esta terça-feira o deputado estadual, coronel Alberto Feitosa, adversário da governadora, disse que “as mudanças na segurança aconteceram por falta de diálogo do Palácio com a área. As duas que pediram para sair deixaram claro, em conversas reservadas, dificuldade no relacionamento, embora Lucinha tenha tido outro motivo que foi assumir o cargo de vereadora. Já Simone, queridíssima na Polícia Civil, foi bode expiatório assim como o comandante da PM, também afastado esta semana. Foi uma forma do Governo tirar dele a culpa pelo aumento da violência”.

– “Não vou dizer – acrescentou – que os dois substitutos no comando da PM e da Policia Civil não sejam capazes mas, além das mudanças terem ocorrido nas vésperas do carnaval, o que é temerário, nada vai acontecer se as promessas que a atual gestão fez aos policiais não forem cumpridas. Se não agora, pelo menos que se desse um prazo claro para atender”. Ele não acha que as mulheres que saíram o tenham feito por discriminação dos policiais, em sua quase totalidade homens, e nem entende que as escolhidas não tenham dado certo na área de segurança: “tanto isso é verdade – afirma – que Carla Patrícia saiu, Alessandro entrou e a violência continuou crescendo. Não é questão de sexo mas de condições para fazer um bom trabalho, incluindo o diálogo”.

Motivos recentes

Embora não exista aparentemente um motivo claro para a saída da delegada Simone Aguiar, ela está deixando o cargo em meio a uma mobilização da Polícia Civil disposta até mesmo a fazer greve no carnaval. A Associação dos Delegados da Polícia Civil de Pernambuco (ADEPPE) soltou uma nota falando da inoportunidade da mudança. O presidente da associação, Diogo Vítor, disse que “falta diálogo do Governo com as polícias, bem como com as entidades de representação” e elogiou a delegada que saiu: “sempre recebeu a entidade de forma democrática e respeitosa”.

Mulheres saem, homens entram

Sobre a saída das três mulheres citadas acima, não se sabe se foi coincidência ou falta de opção mas elas foram substituídas por homens. Carla deu lugar a outro delegado da Polícia Federal, Alessandro Carvalho; Lucinha Mota foi substituída, embora interinamente, pelo secretário executivo Flávio Oliveira e Simone deu lugar ao delegado Renato Rocha Leite. No caso da SDS, após a nomeação de Alessandro, a governadora designou uma mulher, Dominique de Castro Oliveira, para secretária-executiva de Defesa Social, a pessoa habilitada a responder pela pasta na saída do titular.

Violência assustou

Sejam quais forem as críticas ao processo, o Governo teria motivos para mexer no comando da PM depois de duas chacinas que aconteceram nos últimos meses do ano passado e da briga de torcidas neste final de semana que acabou com um policial e vários torcedores feridos. Poderia até levar as mudanças mais além diante do aumento dos números da violência no ano de 2023, o que teria causado apreensão à governadora Raquel Lyra. Isso até estava sendo esperado mas não no dia em que aconteceu, perto da presença de multidões nas ruas na festa carnavalesca quando a Polícia precisa estar a postos e motivada para contornar qualquer dificuldade que se possa ter.

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