Loucos por uma disputa, petistas já lutam entre si pela vice de João Campos

Não é segredo para ninguém que o PT tem vários grupos – alguns antagônicos – e dificilmente uma escolha acontece sem os chamados “debates internos”, que duram certo tempo. Desde que a presidente nacional do partido Gleisi Hoffmann veio a Pernambuco no ano passado e afirmou que o apoio a João Campos passa pela vice do PT, que os petistas se assanharam para discutir o assunto. Em novembro último, os olhos se voltaram para o médico Mozart Sales, assessor especial do Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e que, com a presença do ministro, recebeu em 17 daquele mês o título de cidadão do Recife. “Hoje Mozart é o nome mais forte dentro do PT para compor a chapa de João se isso acontecer como se espera, afinal Gleisi quando falou na vice não o fez só por si mas também pelo presidente” afirmou a este blog ontem uma credenciada fonte do partido.

Já naquela época foram citados, além de Mozart, os nomes do deputado federal Carlos Veras e da vereadora do Recife, Liana Cirne. Mas como para haver uma boa briga é preciso que os dois lados se disponham a guerrear, esta segunda-feira Carlos Veras colocou as unhas de fora depois que Liana, atendendo à mesma estratégia usada para beneficiar Mozart, que já foi vereador do Recife, anunciou que vai dar a Veras o título de cidadão recifense. Respondendo ao apelo da correligionária, Veras disse ao blog do Elielson que é “um soldado do partido” e acrescentou: “é evidente que o nosso nome dará uma encorpada á chapa pela relação com o presidente Lula, Congresso e no partido”. Agora é preciso saber quem vai combinar com os russos, como diria Garrincha.

Liana, pelo visto, não só ficaria satisfeita se fosse a escolhida como também se Veras fosse o preferido. Como ela é a primeira suplente do PT na Câmara Federal, caso o deputado seja o vice e João ganhe a eleição, ela estará no dia seguinte assumindo o mandato de deputada federal em Brasília. Mas, assim como não se sabe se João Campos vai mesmo dar ao PT a vice – matematicamente ele pode prescindir desse apoio – é difícil prever entre os três citados qual será verdadeiramente escolhido. Mozart tem a simpatia do PT do Recife, que tem sustentado na legenda a tese de apoio ao prefeito, credenciando-se para influir na escolha. Veras é conhecido como nome do senador Humberto Costa, ao qual é muito ligado, e de parte da direção estadual comandada pelo deputado Doriel Barros. Liana teria o apoio dos petistas mais jovens e das bases sociais da capital.

Resistência ficou para trás?

Pelo andar da carruagem da disputa interna, tem-se como certo que a resistência ao nome de João tem cada vez menos adeptos entre os petistas. Afinal, como esta coluna mostrou ontem, depois que Lula se juntou a Alckmin e Marta Suplicy – que fizeram pesadas acusações ao PT – as críticas ao prefeito por ter atacado os petistas na TV em 2020, perderam consistência. Só o ex-prefeito João Paulo se mantém distante. Até mesmo as bases ligadas a Marília Arraes perderam o foco pois a ex-deputada federal já fez as pazes com o primo.

Ceará e São Paulo podem atrapalhar

Ainda vai passar muita água debaixo da ponte, como diz o ditado popular, até que a chapa de João fique composta. Em primeiro lugar o PT e o PSB estão se estranhando em São Paulo onde os socialistas lançaram a candidatura da deputada federal Tabata Amaral (namorada de João Campos) contra a chapa de Guilherme Boulos (PSOL) que terá como vice Marta Suplicy, que está de volta ao PT. Se quiser outro vice que não petista, o PSB pode retirar a candidatura de Tábata em troca da liberdade para compor a chapa do Recife. Também existe problema entre PT e o PSB no Ceará, passando pelo PDT, depois que os socialistas convenceram o senador Cid Gomes a se filiar ao PSB. Do encaminhamento dessas disputas podem surgir novidades no front, impedindo que PT e PSB subam no mesmo palanque por aqui. Só o tempo dirá.

Vice é um grande nó a ser desatado

Além da declaração de Gleisi Hoffmann sobre a exigência que o PT faz de ter a vice de João, outro fator tem pesado na decisão que o prefeito vai tomar sobre o assunto. O senador Humberto Costa não esconde o desejo de ser candidato a governador em 2026. Colocando o PT na vice João fica amarrado antecipadamente caso também se candidate a governador. No caso, terá que entregar a prefeitura da capital a um petista no ano da eleição. Como política é como nuvem, que muda de lugar constantemente, Humberto pode até se candidatar apenas ao Senado mas não vai resolver agora.

PP e PSDB juntos

Como falou a este blog o deputado federal Eduardo da Fonte, o PSDB e o PT vão caminhar juntos em muitos municípios pernambucanos este ano. Da mesma forma que o PP comunicou à governadora Raquel Lyra que apoia seus candidatos a prefeito em Recife e Caruaru, esta segunda-feira o presidente estadual do PSDB, recebeu na sede do partido a visita da atual prefeita de Ipojuca, Célia Sales, e de sua candidata a prefeita a vereadora Adilma Barbosa do PP. Adilma foi lançada candidata na semana passada e o encontro é um primeiro sinal da possibilidade de entendimento dos tucanos em torno dela.

Quantas mulheres serão candidatas a prefeitas em todo o estado este ano, após Raquel, Priscila e Teresa Leitão terem sido vitoriosas em 2022?

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