Barroso faz discurso conciliador mas age em busca de comandar o debate no país

 

Quem está cansado da postura “todo poderosa” do ministro Alexandre de Moraes que, a pretexto de combater a tentativa de golpe do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem tomado decisões consideradas exageradas e juridicamente questionáveis, pode perder se apostou em ter no novo presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, uma postura comedida, como seria razoável em um poder que, mesmo guardando suas prerrogativas específicas, deveria agir com parcimônia sobretudo diante da radicalização vivida pelo país. Afinal, se Executivo e Legislativo são mais propensos a agir de acordo com o pensamento da sociedade, pois se submetem ao crivo das urnas, ao Supremo, longe dessas disputas, deveria caber a sabedoria no falar e no agir.

Colocando-se como “pacificador”, Barroso jogou, porém, na espetacularização antes e depois de sua posse na última quinta-feira, deixando a impressão de que o discurso político que o deixou em maus lençóis nos Estados Unidos e na UNE pode não ser coisa do passado, como se presumiu. Em primeiro lugar através da contratação de artistas famosos como Maria Bethânia e Diogo Nogueira para cantarem na posse e na festa para 1.200 convidados e ,depois, na entrevista coletiva dada na sexta-feira – se comprometeu a fazer o mesmo em outros momentos do seu mandato – onde respondeu a tudo que foi perguntado e falou como condutor de uma nova agenda para o Brasil.

Não se pode ignorar, todavia, que o novo presidente do STF deixou no ar a possibilidade de dar uma pausa na pauta de costumes, a que mais tem estressado o relacionamento com o Congresso nos últimos tempos. Em primeiro lugar, disse que a questão do aborto, que ele próprio tirou de pauta após o voto favorável da ministra Rosa Weber, “não está madura na sociedade brasileira” e sobre a discriminalização das drogas – ele próprio já defendeu que a posse de 100 gramas de maconha não deve ser considerado crime – afirmou que quem promoveu a discriminalizacão da posse de maconha para uso próprio foi do Congresso: “coube ao STF apenas definir a quantidade máxima a ser considerada nesses casos”.

AMB pagou a festa

Quanto custou a contratação de Maria Bethânia e Diogo Nogueira para animar a posse do ministro Barroso? Ainda não se sabe mas a Revista Crusoé deste final de semana afirmou que tudo foi pago pela AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros. Inclusive a festa para 1.200 convidados. Explicou que cada convidado pagou o valor de R$ 500,00 por ingresso, o que daria um valor de R$ 600 mil, muito aquém do que a festa deve ter custado, incluindo as atrações. A AMB é uma entidade privada que costuma entrar com ações no STF, sendo, portanto, parte interessada nos julgamentos da corte, afirmou a revista. Recentemente venceu uma ação em que foi mudada a interpretação do inciso IV do Código de Processo Civil que impedia que magistrados julgassem ações em que figurassem como parte clientes de escritório de advocacia do cônjuge ou parente consanguíneo.

Os conselheiros e a política

A eleição nacional para escolha dos conselheiros tutelares este domingo levou os políticos a um protagonismo jamais visto. Aqui em Pernambuco, a senadora Teresa Leitão e a ministra Luciana Santos foram devidamente filmadas e fotografadas votando em suas zonas eleitorais. Em vídeos postados em suas redes elas explicaram que, apesar de não ser obrigatório o voto para escolha dos conselheiros, era importante o comparecimento e aconselharam a escolha de pessoas não só conhecedoras como defensoras do Estatuto da Criança e do Adolescente. A deputada estadual do PSOL, Dani Portela, fez o mesmo.

Lula subindo escadas

Depois de caminhar e subir e descer escadas com assistência fisioterapêutica, segundo boletim médico, o presidente Lula recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, este domingo, dois dias antes do previsto. Além da cirurgia no quadril o presidente fez correção nas pálpebras. A equipe médica informou que a correção já era recomendada e, como a cirurgia correu bem e dentro do previsto, decidiu aproveitar a anestesia e fazer o procedimento.

Pergunta que não quer calar: Barroso vai ser o pacificador que promete ou os sobressaltos no relacionamento do Congresso com o Judiciário vão persistir?

Foto: O Globo

E-mail: redacao@gmail.com – terezinhanunescosta@gmail.com 

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