Governadores do Nordeste consideram entrevista de Zema separatista e defendem união nacional
O Consórcio Nordeste, do qual fazem parte todos os governadores nordestinos, divulgou nota oficial sobre a entrevista do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, ao Estado de São Paulo que, a pretexto de advogar o fortalecimento das regiões Sul e Sudeste, comparou o Nordeste “a uma vaquinha que produz pouco” e por isso não deveria receber tanta atenção.
Sob o argumento de que o slogan do Consórcio Nordeste é “o Brasil que cresce unido, negando qualquer tipo de lampejo separatista”, os governadores regionais afirmam que defendem “um Brasil, democrático, inclusivo e, portanto de união e reconstrução” e que a entrevista de Zema “parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”.
Adiantam que o governador mineiro demonstra “uma leitura preocupante do Brasil que, ao defender o separatismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas, ao longo das últimas décadas, dos projetos nacionais de desenvolvimento”. Assinada pelo atual presidente do Consórcio Nordeste, o governador da Paraíba, João Azevedo, a nota acrescenta: “é importante reafirmar que a união regional dos estados do Nordeste, e também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidade e desenvolvimento”.
Considera ainda que “a união dos Estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo “– como é o caso do Nordestino – “ pode significar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo”. Por fim, apela para ” a união nacional em torno da reconstrução de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura”. Este blog divulga abaixo, na íntegra a nota do Consórcio Nordeste.
NOTA OFICIAL
O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 05 de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento. O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais. Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual. Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais. É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento. Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades. A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo. Assim, nós, governadoras e governadores da Região Nordeste, além de defendermos um Brasil cada vez mais forte e próspero, apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura. Nordeste do Brasil, 06 de agosto de 2023.
JOÃO AZEVÊDO Presidente do Consórcio Nordeste Governador do Estado da Paraíba
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