PT senta no divã para definir posicionamento sobre governo Raquel

 

Presidente estadual do PT – Doriel Barros

A aproximação acentuada entre o presidente Lula e a governadora Raquel Lyra e os acenos da tucana aos maiores líderes petistas no estado como os senadores Humberto Costa e Teresa Leitão – recebidos em almoços recentes – o deputado federal Carlos Veras, e os estaduais Doriel Barros, João Paulo Silva e Rosa Amorim, estão levando o PT a uma encruzilhada. Acossado, de um lado, pelo grupo que está na PCR e os sindicalistas e do outro pelos deputados e prefeitos, o presidente estadual Doriel Barros inicia este final de semana uma escuta onde pretende ouvir cada um dos lados representados para ver se o partido continua “independente” na Alepe, acompanhando a Federação formada com PV e PCdoB, se vai para a oposição ou se passa a apoiar a governadora.

– Uma coisa posso garantir, mesmo que vá para a oposição, o PT não fará oposição sistemática a Raquel como aconteceu no tempo de Joaquim Francisco e de Jarbas ” – disse a este blog, pedindo anonimato, um dos mais destacados líderes entre os citados. As conversas se iniciam este sábado com os parlamentares e os prefeitos. Nas coxias partidárias dá-se como certo que os prefeitos vão preferir um alinhamento estadual com Raquel e que, entre os parlamentares, a proposta de um entendimento com a governadora não está descartada. Vai restar o enfrentamento com a base sindicalista e o grupo mais à esquerda que votou em Marilia Arraes no primeiro e segundo turnos.

Até a aproximação mais acentuada de Lula com Raquel, os petistas estavam independentes na Alepe, obedecendo à Federação que formaram. O deputado Doriel Barros foi o primeiro a tirar a governadora do Palácio para um encontro com os trabalhadores rurais e os deputados João Paulo e Rosa Amorim, sempre que convidados, se fizeram presentes a eventos da governadora. Depois disso, porém, ouviram do senador Humberto Costa uma cobrança pública pela oposição. Humberto acabou recuando ao ser convencido de que o partido não podia se afastar do PV e PCdoB. Coube então a Lula fazer o papel de pombo-correio ficando ao lado da governadora, abrindo as portas do Governo Federal para ela e defendendo-a em atos públicos quando vaiada pelos radicais.

Márcia, a primeira

Presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado, é uma das mais entusiastas de uma aliança formal com Raquel. No segundo turno da eleição de 2022, ao presenciar a derrota do seu candidato a governador, Danilo Cabral, e o PT declarar apoio a Marília, ela pediu licença para ficar dissidente e apoiar Raquel, no que foi atendida. De lá para cá não perde oportunidade de prestigiar a governadora e tem recebido resposta idêntica. Agora conseguiu levar a Palácio o deputado estadual Luciano Duque, líder do Solidariedade, partido de Marília, mas cada vez mais próximo da governadora.

Candidatura própria

Há um grupo no partido que, além da decisão sobre apoiar ou não Raquel, torce para que, de toda essa discussão, acabe surgindo a possibilidade dos petistas terem candidatura própria no Recife, em 2024, abrindo uma porta para que, em 2026, Lula, candidato à reeleição, una o estado em torno do seu nome, deixando de fora apenas os bolsonaristas. Mas o presidente está vendo no seu radar uma data mais próxima e que se daria ainda este ano quando pretende formar uma sólida base parlamentar e deseja ter o apoio da governadora para garantir votos tucanos a suas pautas no Congresso. Isso levou um deputado estadual petista a comentar esta semana : “desta vez a questão pernambucana não depende só de nós. Brasília também vai interferir”.

A resiliência de Tebet

A ministra Simone Tebet tem acumulado frustrações desde que começou a se formar a equipe do presidente Lula. Pediu o Ministério de Desenvolvimento Social e recebeu o Planejamento despido de alguns órgãos importantes, como o Ipea. Agora tentou evitar que o petista Marcio Pochmann assumisse o IBGE, conseguiu o apoio de Haddad, mas Lula interveio e confirmou Pochmann. Uma Simone perplexa surgiu então na TV para dizer que vai querer saber de Pochmann sobre o que dizem dele (é considerado radical demais) mas acatou a ordem presidencial. Até quando?

Marinho pulou fora

Apenas quatro meses depois de ter sido nomeado pela ministra Margareth Menezes, da Cultura, como diretor nacional de cultura popular daquela pasta, o poeta e repentista pernambucano, Antonio Marinho, entregou o boné. Pediu demissão e não disse ainda porque. Sua função era a de “fomentar manifestações culturais tradicionais e populares”. Não se sabe se depois dessa Marinho vai continuar fazendo poesias de improviso nos principais eventos nacionais e estaduais petistas, como aconteceu na posse do atual presidente.

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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