Com olho nas fronteiras com Jaboatão e Olinda, João Campos já conversa com os dois prefeitos

 

Não é incomum que os prefeitos da Região Metropolitana troquem idéias entre si. Os municípios são coligados, tem sistema de transporte comum e várias outras demandas que só podem ser resolvidas conjuntamente. Mas nas duas últimas semanas o prefeito do Recife, João Campos, ligou pelo menos duas vezes para puxar conversa com os prefeitos de Jaboatão, Mano Medeiros, e o prefeito de Olinda, professor Lupércio. Cordialmente lembrou que os dois municípios estão conjugados com Recife e mostrou disposição para ampliar os entendimentos com eles.

Numa cruzada para garantir sua reeleição e, mesmo com um número grande de partidos atendidos com secretarias na Prefeitura e em outros cargos e, consequentemente, dispostos a apoiá-lo, João não quer deixar nada de fora de seu olho de político sagaz. Duas fontes do blog informaram que dificilmente haverá possibilidade de Mano e Lupércio formarem uma frente com o prefeito recifense e que a sua disposição de conversar pode ter muito mais o propósito de garantir alianças no futuro do que para 2024, mas a senha já foi dada. Como o PSB não tem nomes para disputar nem Olinda e nem Jaboatão, um deputado estadual socialista, ao saber dessa informação, deu um palpite: “a política é dinâmica, o futuro ainda vai ser traçado e João não é de jogar conversa fora”.

O quadro em Jaboatão hoje é da candidatura de Mano Medeiros à reeleição, agora mais forte com a pacificação da direita, a partir do realinhamento do presidente do PL, Anderson Ferreira, com o ex-candidato ao senado Gilson Machado, o que praticamente inviabiliza o projeto da deputada federal Clarissa Tércio (PP), uma concorrente de peso. Há lançada a pré candidatura do ex-prefeito Elias Gomes(MDB) e, possivelmente, do ex-vereador Daniel Alves(PV) se conseguir o apoio do PT. Em Olinda, o prefeito Lupércio lançou o nome da secretária da fazenda Mirella Almeida e vai precisar de reforço de novos partidos para se firmar uma vez que a candidata é novata na política. Na esquerda, nem PT, nem PCdoB e nem PSB têm quadros com envergadura para enfrentar a candidata do prefeito. Mesmo juntos, podem ficar com dificuldade de sustentação, como aconteceu com João Paulo no último pleito.

Marília e João Paulo

A esquerda tem dois nomes para disputar em qualquer um dos três municípios citados: o deputado estadual João Paulo (PT) e a ex-deputada Marília Arraes (Solidariedade). João Paulo só aceitaria a disputa no Recife, caso o PT se afastasse do PSB, e Marília, que já foi citada para Olinda e Jaboatão, é vetada pelos petistas. Um deputado do seu convívio garantiu a este blog que ela não vai tentar eleição majoritária em 2024. “É tudo especulação. Estive com ela e essa possibilidade é carta fora do baralho”. Nos bastidores já se fala ela que poderia ser candidata a vereadora do Recife com possibilidade de formar uma grande bancada para seu partido. O tempo dirá.

Direita mais forte

E ainda há outro obstáculo pela frente: além do Recife, cujo eleitorado conservador mostrou força na eleição de 2022, em Jaboatão e Olinda acontece a mesma coisa. No primeiro, agora com o reforço da união dos evangélicos e bolsonaristas em geral. Em Olinda, só o PCdoB rompeu o bloqueio da direita com Luciana Santos e Renildo Calheiros mas nenhum dos dois pretende entrar no páreo. A senadora Teresa Leitão nem se fala – é olindense e sempre foi bem votada no município. Além disso o populismo de Lupércio é difícil se ser batido, sobretudo com a máquina na mão.

Lucas Ramos em Petrolina

Com a possível conquista da diretoria estadual do DNOCS para seu grupo político, com a ajuda do PT, o deputado federal Lucas Ramos, do PSB, animou-se para se candidatar a prefeito de Petrolina coisa que, até pouco tempo, não passava por sua cabeça como revelou a este blog, há dois meses. Para se firmar precisa se aliar ao PT municipal. O empecilho são os ex-deputados Odacy Amorim (também ex-prefeito) e sua esposa Dulcicleide, agora animados pelo novo mandato de Lula. Sem contar que o PT estadual vai ocupar a superintendência da Codevasf no município, aumentando sua capilaridade.

Marília no limbo

Citada para vários cargos, a ex-deputada federal Marília Arraes ainda não encontrou o seu ninho no Governo Lula. Os últimos seriam o DNOCs , que possivelmente será de Lucas Ramos, e uma diretoria da Hemobrás. O PT não aprovou seu nome para o primeiro e dificilmente vai garantir-lhe o segundo, cuja composição está nas mãos do senador Humberto Costa. Marília, que já se compôs com o prefeito João Campos, vai ter muito mais dificuldade de voltar a se juntar com seu antigo partido.

Teresa na linha de frente

Ao lado do senador Humberto Costa, a senadora Teresa Leitão tem dividido com ele as articulações sobre as composições dos órgãos federais. Fontes do blog em Brasília afirmam que ela tem dado força a Humberto e peitado, sem problemas, os partidos ou políticos que desejam ocupar espaços do PT no estado. Com jeito, estaria colocando todos em seu devido lugar. Uma coisa que nem ela nem Humberto engoliram ainda foi a luta pela Codevasf que acabou dividida. Quem viver verá.

Pergunta que não quer calar: para onde afinal vai Marília Arraes?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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