Após semana agitada, ambiente é de calmaria na Assembléia e de boas perspectivas para o Governo
Por mais que fique tenso o relacionamento entre o Executivo e o Legislativo, uma coisa parece consagrada na história política brasileira: os deputados estaduais e o Congresso Nacional nunca deixaram de aprovar pedidos de empréstimos feitos pelo Governo, quer estadual, quer federal. O motivo é simples: a entrada de recursos garante mais investimentos, empregos e melhoria da qualidade de vida para a população. Votar contra seria um tiro no pé. Não havia, portanto, qualquer dúvida de que o projeto da governadora Raquel Lyra para conseguir um empréstimo de R$ 3,4 bilhões sairia das comissões e do plenário aprovado por unanimidade, como aconteceu esta quarta-feira.
Nos 16 anos de administração do PSB, propostas semelhantes saíam do Palácio, com pedido de urgência, passavam a jato pelas comissões e em menos de uma semana estava tudo resolvido. Nos quatro primeiros meses da administração da governadora Raquel Lyra, no entanto, os desentendimentos entre o Executivo e o Legislativo chegaram a um nível de resistência, lado a lado, que, o que seria absolutamente comum – a autorização para conseguir o empréstimo – foi transformado em celebração no plenário, com a base governista entre abraços e a oposição dizendo que, não fosse o esforço da minoria, a governadora estaria agora chorando sobre o leito derramado.
Mas os deputados que esta quinta-feira compareceram à reunião plenária da manhã, tanto de um lado quanto do outro, afirmavam que daqui pra frente a tendência é a temperatura baixar. As loas, porém, não se resumiram aos milagres operados por um projeto que causou frisson mas tinha tudo para ser aprovado mas que chegou. Na verdade, nos bastidores, era comum a avaliação de que a Administração Estadual começou a andar, já não há tantos desacertos e falta de pessoal nas secretarias como aconteceu em um primeiro momento, e as demandas, sobretudo do interior, por obras e ações, começaram a ser respondidas.
Base ainda pequena
Além disso a governadora fez chegar ao Legislativo que deve incrementar as linhas de negociação do Palácio com a Assembléia, com os atuais e também com novos interlocutores.
Ela própria deseja encaminhar a formação de uma base sólida de partidos e parlamentares, para evitar atropelos, e reforçar o time da Secretaria da Casa Civil. Não à-toa se comentou entre os parlamentares sobre a presença cada vez maior na casa do ex-deputado estadual Tony Gel, que andava sumido. Embora pré-candidato a vaga de conselheiro do TCE, Tony , não só tem conversado sobre isso, como auxiliado os colegas mais novos nas comissões. Foi logo ressaltado que tem perfil para ajudar no diálogo entre os dois Poderes.
Marco do Saneamento
Com pequena base parlamentar, o presidente Lula sofreu duas importantes derrotas no Congresso esta semana: foi obrigado a retirar de pauta a MP das Fake News para não ser derrotado e viu a Câmara derrubar por 295 a 123 votos decretos assinados pelo presidente que alteram o marco legal do saneamento. Não houve tentativa de entendimento que prosperasse, nem mesmo a liberação de bilhões em emendas parlamentares, após pedido feito a Lula pelo presidente da Câmara Arthur Lira.
Bolsonaro na berlinda
Pelo andar da carruagem, a tendência é se aprofundar cada vez mais o cerco sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família. Começou com a falsificação de comprovantes de vacinação e agora se apura responsabilidade do próprio ex-presidente, auxiliares próximos e até filhos no planejamento de um golpe de estado. A panela vai continuar a ferver e é impossível prever o desfecho.
Pergunta que não quer calar: quem mais vai anunciar novos investimentos para o Recife e Pernambuco, João Campos ou Raquel?
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