Deputados já se preparam para concorrer à próxima vaga no Tribunal de Contas

 

A Assembléia Legislativa, que já passou por dois processos de eleições este ano – o primeiro, para escolha da atual Mesa Diretora e o segundo, para definir as direções das comissões permanentes – prepara-se para um terceiro round: a escolha do novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado – TCE – que ocupará a vaga a ser aberta com a aposentadoria da conselheira Teresa Duere, prevista para o dia 12 de julho próximo. As conversas nos corredores e no Buraco Frio, área onde os parlamentares se encontram para fazer refeições ou tomar café, estão de vento em popa.

Já há quatro deputados pré-candidatos ao cargo: Rodrigo Novaes (PSB), Débora Almeida (PSDB), Kaio Maniçoba (PP) e Joaquim Lira (PV). Esta vaga e a que vai ser aberta com a aposentadoria do conselheiro Carlos Porto, em 2025, cabem à Alepe, pelas normas que disciplinam a escolha dos conselheiros, mas nada impede que o governador indique alguém de fora e consiga sair vencedor, como ocorreu com o governador Eduardo Campos que, em seu primeiro mandato, elegeu o advogado Marcos Loreto (seu assessor na época).

Com receio de que isso possa voltar a acontecer, embora acreditem que a governadora Raquel Lyra respeitará a escolha da casa (o voto é secreto), os quatro pré-candidatos acima já fecharam um entendimento, segundo relevou um deles em off a este blog, no sentido de que a nova vaga seja “de um político, da própria casa, e que não contemple nomes de fora”. Foi a forma que encontraram de se proteger de alguma surpresa em cima da hora. Embora o deputado Rodrigo Novaes seja do PSB faz parte da banda do partido que decidiu apoiar Raquel já no segundo turno, de forma que todos os pretendentes são da bancada governista.

Débora entre os homens

Embora seja a única mulher do grupo, a deputada Débora Almeida vem sendo citada, nos bastidores, como forte candidata por ser procuradora federal, atual presidente da comissão de Finanças e ser mulher. Como Teresa Duere é a única mulher entre os sete atuais conselheiros do TCE, tanto na bancada feminina da Alepe quanto nos corredores do Palácio das Princesas as conversas giram em torno da escolha de uma representante feminina para o tribunal não voltar a ser ocupado só por homens. O PSDB, partido de Débora, tem apenas três votos mas isso não impede que ela venha a conquistar muitos mais pois é bem aceita em todas as rodas.

Cada um tem seus predicados

Os nomes que se apresentaram até agora são, porém, reconhecidos como credenciados para o cargo. Rodrigo Novaes, ex-secretário de turismo, o primeiro a se lançar, teria feito um acordo, antes mesmo da posse, para não concorrer à presidência da casa e nem à primeira-secretaria e em troca receber apoio de um grupo de deputados para a vaga no TCE. Se o PSB votasse inteiro com ele já teria 13 votos. Kaio Maniçoba já foi deputado federal, secretário da agricultura, e tem se revelado um grande articulador de Raquel na Alepe como aconteceu nas duas eleições anteriores, e tem o voto garantido dos oito deputados do PP. Joaquim Lira foi eleito presidente da Comissão de Administração da Alepe, uma das mais importantes da casa, com o apoio de Raquel. Trabalha com a possibilidade de ter os votos dos sete integrantes da Federação PT/PCdoB/PV.

A força de Raquel

Mesmo que não tenha se mostrado disposta a impor nomes à Alepe, Raquel terá força na disputa, como já se discute na Assembléia, em função de terem aparecido muitos pré-candidatos, o que ensejaria a necessidade de um acordo para evitar uma grande pulverização. Esse entendimento poderia ser conduzido por ela e pelo presidente da casa, o deputado Álvaro Porto. Como há uma outra vaga a ser preenchida em 2025 não é difícil se fechar desde agora uma posição a respeito das duas vagas.

Federação vai ficar onde está

Apesar da cobrança do senador Humberto Costa para que o PT se declare oposição à governadora Raquel Lyra, a Federação PT/PCdoB/PV, que já se declarou independente, não pensa em mudar seu posicionamento. “Por enquanto vamos permanecer como estamos “- afirmou a este blog o deputado estadual e presidente do PT em Pernambuco, Doriel Barros. Na verdade, como a Federação, por lei, tem que atuar de acordo com a maioria dos seus membros, e o PT não tem maioria, mesmo que quisesse, não podia sozinho ir para a oposição.

Francismar e o sapato branco

Muito espirituoso e acostumado a ser Governo, o deputado estadual Francismar Pontes, do PSB, arrancou gargalhadas dos colegas na Alepe ao justificar sua indefinição política: “Oposição é pior do que sapato branco, o Governo está complicado e independente é palavra que não existe em política. Eu vou é rezar”.

Pergunta que não quer calar: quem vai mesmo ganhar, no voto secreto, a eleição para conselheiro do TCE?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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