Depois de um revés, Raquel é desafiada a mudar relacionamento com o legislativo

A governadora Raquel Lyra, que iniciou sua administração apostando nos técnicos e deixando em segundo plano a área política, está sendo obrigada a , mais cedo do que pensava, mudar seus planos iniciais de convivência com o legislativo. No primeiro projeto que enviou à Assembléia, sobre o qual não havia consenso na sociedade, experimentou dissabores e, diga-se de passagem, o problema partiu não de um oposicionista declarado mas de um aliado seu: o deputado estadual Antonio Coelho, do União Brasil.

Considerado hoje na Alepe um dos mais preparados dos parlamentares da casa, ele apresentou, na Comissão de Justiça, um substitutivo ao projeto do Palácio de prorrogação do Fundo de Equilíbrio Fiscal, criado na administração Paulo Câmara e que a governadora deseja prorrogar, e venceu a parada. Por cinco votos a três os membros da CCJ, aprovaram seu substituto reduzindo de 2 anos para 11 meses a proposta de renovação do fundo e definindo que sua vigência só pode começar dia 1.o de fevereiro ( Raquel propôs 1.o de janeiro) indo até 31 de dezembro.

Se o substitutivo fosse de um deputado de oposição poderia até não ter sido aprovado – em início de mandato é difícil um deputado votar contra o Governo – mas no momento em que partiu de um aliado os parlamentares se sentiram a vontade para deliberar como bem entendessem. Não adiantaram os esforços do secretário da casa civil, Túlio Vilaça e da vice Priscila Krause para mudar o quadro. Pelo contrário, o deputado Alberto Feitosa, do PL, fez um forte discurso a favor do substitutivo, afirmando que, quando era deputada, Priscila se levantou contra a criação do Fundo que agora deseja prorrogar.

Relação com os empresários

Como se tratava de matéria contrária aos interesses da classe empresarial, também podem ter havido sinais trocados no contato do Palácio com a Federação das Indústrias e o grupo Atitude, que congrega alguns dos maiores empresários estaduais. Quando o projeto chegou à Alepe fontes do Governo informaram que ele tinha sido debatido e acordado com os empresários mas não foi isso o que se viu. Em dois dias, eles soltaram notas de desagrado ou ou agiram indiretamente ou através de profissionais que os defendem contra a prorrogação.

Teresa Leitão se pronunciou

A senadora eleita, deputada Teresa Leitão, fez ontem um pronunciamento contundente na reunião da Comissão de Justiça da Alepe contrária aos auxílios saúde e alimentação e fez um apelo aos colegas para desistirem das mudanças sob alegação de que a sociedade não iria aceitar e nem era necessário. Ela disse que só votaria a favor do auxílio moradia porque entendia que os deputados do interior ficam prejudicados diante dos residentes na Região Metropolitana. Lembrou que o Congresso Nacional garante moradia em Brasília para os deputados federais e seria razoável que os do interior também tivessem um benefício no Recife.

Partidos fragmentados na Alepe

Ainda nem começou a nova legislatura – a posse dos novos deputados será dia 2 de fevereiro – e dos partidos com representação na Alepe só uma bancada é tida como unida, a do PP, comandada pelo deputado federal Eduardo da Fonte. Para qualquer negociação, quando o PP diz sim já se sabe que estão garantidos seus 8 votos. Nas demais bancadas há dissidentes. O PSB tem divergências, a Federação PT/PcdoB/PV também. O mesmo acontece com o Solidariedade, União Brasil e PL. Ontem comentava-se entre os deputados que nem a bancada do PSDB, da governadora Raquel Lyra, com três deputados tem unidade de pensamento.

Pergunta que não quer calar: quem apresentou o advogado Marcelo Bruto, que foi da equipe do governador Paulo Câmara, à governadora Raquel Lyra?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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