Como invasão do Capitólio isolou Trump, invasão em Brasília isola Bolsonaro

Há dois anos, em 6 de janeiro de 2021, apoiadores radicais do ex-presidente Trump invadiram a sede do Congresso dos Estados Unidos, causando perplexidade em todo mundo e isolando cada vez mais o líder direitista americano que não reconhecera a vitória do presidente Biden, incentivando a radicalização. Hoje nem os Republicanos querem saber de Trump.

Neste 8 de janeiro de 2023 – não foi dia 6 porque era uma sexta e no domingo era mais propícia a invasão que ocorreu em Brasília – golpistas bolsonaristas foram mais longe e invadiram e depredaram as sedes dos três poderes no DF, causando a união de democratas de esquerda e de direita na condenação ao radicalismo, o que isolou ainda mais Bolsonaro. Até o presidente do Superior Tribunal Militar, ministro Péricles Queiroz, se posicionou contra a atitude dos radicais.

Governadores de Minas Gerais, Rio de Janeiro e até o bolsonarista Tarcísio de Freitas, de São Paulo, fizeram questão de se pronunciar nas redes sociais, condenando de forma dura os golpistas e manifestando-se favoráveis à democracia. Os demais governadores reagiram da mesma forma, embora só o presidente Lula tenha, com todas as letras, culpado Bolsonaro, que se encontra na Flórida, nos Estados Unidos: “aquele genocida provocou tudo isso ou está incentivando esses atos via redes sociais” – afirmou.

Os apelos dos golpistas pedindo intervenção militar de nada adiantaram. Até policiais militares do DF que no início da tarde chegaram a posar junto aos manifestantes estavam no final da tarde os expulsando das sedes do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto. No meio da noite passava de 500 o número de presos através dos quais o ministro Alexandre de Moraes – que teve a porta do seu gabinete derrubada – pretende não só chegar a mais gente como aos financiadores dos protestos.

De quem é a culpa?

Ficou evidente em Brasília uma falha completa dos órgãos de segurança. Ora, se há mais de uma semana se falava que 100 ônibus de manifestantes estavam sendo enviados a Brasília por que a Polícia Militar do DF não isolou a Praça dos Três Poderes, como fez na posse de Lula? Por que o ministro Flávio Dino, da Justiça, que passara a semana dando entrevista, achou que não deveria ir atrás do prejuízo e pressionar o DF para isolar os golpistas? O que o ministro fez foi dizer depois das invasões que ia convocar a Força Nacional de Segurança que, como disse depois o ministro José Múcio, só conta com 160 homens. Por enquanto só o secretário de segurança do DF, Anderson Torres, perdeu o cargo.

Repúdio nos Estados Unidos

Até agora não se sabe porque o ex-presidente Bolsonaro se refugiou nos Estados Unidos dois dias antes da posse. Mas, se a sua permanência na Flórida estava lhe rendendo até agora selfies com os bolsonaristas que lá residem, ontem com a invasão dos prédios públicos congressistas norte-americanos começaram a questionar a presença do ex-presidente naquele país. A deputada democrata Alexandrina Ocasio-Cortez solicitou ao Congresso urgência sobre o assunto: “ os EUA devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida”- declarou.

Raquel se pronuncia nas redes

A governadora Raquel Lyra e a vice Priscila Krause se pronunciaram pelas redes sociais condenando os atos golpistas em Brasília. Raquel disse “as cenas de vandalismo que vemos agora em Brasília são inaceitáveis. Democracia e eleições são valores inegociáveis. Só teremos um estado e um país mais fortes quando todos respeitarem a lei e as regras que regem a República”. Além dela os ex-candidatos a governador em 2022, Danilo Cabral e Miguel Coelho usaram o mesmo tom em suas redes.

Pergunta que não quer calar: além do secretário de segurança do Distrito Federal, já demitido, quem mais vai responder pelo “cochilo” dos órgãos federais de segurança em Brasília este domingo?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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