Raquel presta contas aos deputados de olho no relacionamento com a Assembléia

Após um início de governo de distanciamento da classe política, a governadora Raquel Lyra, que almoçou esta quinta-feira com as principais lideranças da Assembléia, se reunirá esta manhã de sexta com todos os deputados estaduais para apresentar o projeto de reforma administrativa que está enviando para a casa. A proposta precisa do aval dos parlamentares para entrar em vigor. Na ocasião, ela deve também, como já vez ontem com os líderes, falar do decreto que assinou um dia após a posse e que gerou insatisfação entre os servidores públicos, sobretudo os de função gratificada que ganham menos e são em maior número.

Embora entenda que a reação dos servidores públicos causa barulho na mídia, a governadora, na verdade, está, neste momento, muito mais preocupada com os deputados, dos quais depende para aprovar seus projetos. O decreto que assinou é um ato próprio do chefe do executivo que não necessita da chancela parlamentar mas todos os outros projetos precisam de aprovação da Alepe. Desde o dia 2, quando anunciou as medidas, Raquel tem ligado para parlamentares querendo saber do clima na casa. Por isso achou melhor, no encontro desta sexta, falar das medidas tomadas com as devidas explicações e as correções que já fez ou que ainda pretende fazer no texto assinado inicialmente.

Na verdade, os deputados costumam dar um prazo de no mínimo 90 dias a qualquer governador que toma posse para poder se movimentar e só depois dão início às críticas ou mesmo cobranças. Por conta disso tem sido pequena a reação pública deles ao decreto governamental. Só o deputado João Paulo Silva, do PT, muito votado pelos sindicalistas, chegou a propor uma convocação extraordinária da Assembleia para discutir o assunto mas sua idéia não prosperou. Intramuros, porém, os parlamentares têm demonstrado preocupação com o quadro criado e com as cobranças que começam a receber de suas bases.

Providência incomum

Não é comum um governador reunir deputados para tratar de uma reforma administrativa. Em geral o projeto é mandado para a Assembléia e aprovado sem dificuldades. A iniciativa de Raquel de promover dois encontros com deputados em dias seguidos significa muito mais sua preocupação com o futuro do que com o presente. Daqui a menos de um mês os novos deputados serão empossados e escolherão uma nova mesa diretora para a Alepe. O governador precisa estar bem entre os parlamentares para ter um mínimo de influência nessa eleição. Como o PSB tem a maior bancada e é o partido que a governadora continua enfrentando, ela necessita se movimentar para evitar que algum oposicionista ferrenho assuma o poder legislativo.

Candidatos a presidente

No momento há dois candidatos a presidente com força na disputa: Antonio Moraes, do PP, o decano da Alepe, e Álvaro Porto, do PSDB, o mesmo partido de Raquel. O deputado Alberto Feitosa, do PL, tem mostrado interesse mas tem dificuldades de sustentação. Como a tradição na casa é a eleição só ser definida nos últimos minutos, nada impede que um nome de oposição possa surgir e surpreender o Palácio das Princesas. Embora exista um colégio de líderes na Assembléia, o presidente ainda tem muita força na definição dos projetos a serem postos em votação e um nome de oposição poderia ser não só desgastante para o Governo como um empecilho ao entendimento.

Daniel e Rodrigo

O deputado estadual Rodrigo Novaes e o secretário de turismo Daniel Coelho, que estiveram juntos na campanha de Raquel no segundo turno, espelharam nas redes sociais suas divergências. Daniel fez um vídeo na Arena Pernambuco, de responsabilidade de Rodrigo, que era secretario de turismo na gestão Paulo Câmara, mostrando o estado lamentável do gramado, o que impede a realização de jogos no local e falou em meses para recuperar. Rodrigo rebateu afirmando que é preciso recompor a grama todo final de ano e que o trabalho deve estar pronto dentro de 15 dias. Aproveitou para elogiar a equipe que cuidou da Arena no governo anterior.

Pergunta que não quer calar: Que influência Raquel pode ter na eleição da nova mesa diretora da Assembléia?

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