Brasileiras desenvolvem absorvente de baixo custo e querem influenciar na área da pesquisa
LA primeira vez que Laura Drebes, 19 anos e Camily Pereira, 18 anos, ouviram falar na produção científica por estudantes foi no ensino fundamental, através de alunas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), em Osório, orientadas pela professora Flávia Twardowski. “Quando eu estava no ensino fundamental a ciência parecia muito além da minha realidade.”, conta Camily, que começou a se envolver com o IFRS através de projetos de extensão com a comunidade. Para Laura, foi parecido: “Eu olhei com um brilho no olhar as meninas que, ainda no ensino médio, já estavam fazendo pesquisa”.
A vontade de Laura de fazer parte do grupo de pesquisa de Flávia era tão grande que, após reprovada pelo IFRS em uma primeira tentativa, topou repetir o primeiro ano do Ensino Médio para poder ingressar no instituto. Logo, professora e aluna começaram a desenvolver filmes plásticos biodegradáveis. Camily veio depois, com o interesse de produzir um absorvente íntimo feminino biodegradável e de baixo custo. A ideia surgiu da sua própria história familiar: “Descobri que a minha mãe, quando mais jovem, não tinha acesso a absorventes convencionais. Me conectei com o assunto da pobreza menstrual e pensei no que podia fazer para fazer a diferença”, conta Camily.Com orientação, as estudantes desenvolveram absorventes com o custo de R$ 0,02, feitos de pseudocaule de bananeira, açaí jussara, capas de nutracêuticos (extratos de alimentos, como Ômega3) e coberturas de tecido feitas de sobras de costureiras locais.
O sucesso foi tanto que o trio desembarcou em agosto passado em Estocolmo, onde receberam o Prêmio Jovem da Água, das mãos de ninguém menos que a Rainha Vitória da Suécia.
Laura e Camily creditam o sucesso da pesquisa ao incentivo da professora Flavia. “A ‘prof’ dedica a vida dela para mudar as nossas vidas. É incansável.”, declara Laura, provocando lágrimas de emoção em Flávia. Atualmente, o projeto está em fase de patente. A ideia é fechar parcerias com a esfera privada para comercializar o produto a um custo bem inferior aos absorventes disponíveis no mercado.Após o fim do ano letivo, Laura pretende cursar medicina e Camily quer estudar engenharia aeronáutica no exterior. Mas, independente da carreira escolhida, elas afirmam que querem manter o foco na ciência e na promoção da pesquisa para meninas e mulheres. “O exemplo move. Eu sou a prova disso”, declara Laura.
Blogdellas com a revista Forbes – Foto: Divulgação
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