De Jungmann a José Mucio, pasta da defesa pode voltar às mãos de um pernambucano

 

Em 2016, no governo Michel Temer, o pernambucano Raul Jungmann, que assumira a pasta da Reforma Agrária na administração de Fernando Henrique Cardoso, foi convidado e aceitou o comando do Ministério da Defesa, a pasta que cuida de Segurança Pública e da relação com as Forças Armadas. Até hoje o trabalho de Jungmann naquela época é elogiado pelos militares que demonstraram ter gostado do relacionamento com um civil que tinha jogo de cintura no trato com a tropa. Agora às vésperas do presidente Lula assumir o poder outro pernambucano foi sondado para a defesa: o ex-ministro do TCU, José Múcio Monteiro que foi ministro da Articulação Política no segundo mandato de Lula.

A informação, vazada ontem para a imprensa nacional, foi confirmada a este blog por um amigo de Múcio, residente no Recife. Segundo esta fonte, a sondagem foi feita mas o martelo não foi batido até porque depende ainda de conversas que Lula está tendo em Brasília esta semana. De qualquer forma, ele já teria recebido o sinal verde para as primeiras conversas com os comandos militares e foi recebido esta segunda pela manhã pelo vice Geraldo Alckmin. Hábil e conciliador, Múcio é conhecido como “um construtor de pontes”. Começou sua carreira política em 1986 como candidato a governador, tendo como adversário Miguel Arraes, na época em que direita e esquerda não conversavam, sequer. Perdeu a eleição, mas ganhou tal relevância que hoje se diz que a derrota para Arraes o projetou.

Na verdade, mesmo tendo um alto conceito entre os liberais e conservadores pernambucanos, ele se entende muito bem com o PSB e o PT. Nessa condição ajudou a ex-deputada federal Ana Arraes – filha de Miguel Arraes e mãe de Eduardo Campos – a ser ministra do TCU, como ele, e fez amizade com Lula ao ponto de ter sido seu ministro no segundo mandato de presidente. Uma graduada fonte do PT pernambucano informou ao blog que se ele chegar a ser ministro será muito bem recebido pelos petistas estaduais. A confirmação de seu nome para a pasta da defesa – no governo Bolsonaro ela ficou sob o comando dos militares – também estaria dependendo de costuras com os comandantes.

Entraves

Os entraves que José Múcio pode vir a enfrentar seriam os mesmos de qualquer civil escolhido para o posto. Depois de quatro anos respondendo ao comando de um general, os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica não vêm com bons olhos a volta da pasta para as mãos de um civil. Cogitou-se nomes como os Mercadante, Jacques Wagner, Nelson Jobim e Aldo Rebelo, que já comandou a pasta. Aldo Rebelo chegou a declarar que não tinha interesse, apesar da boa relação que teve com a tropa. Múcio então surgiu como um perfil ideal pelo traquejo e até por pertencer a uma família de políticos pernambucanos bem relacionados na direita e na esquerda, a família Monteiro.

Inclusão e igualdade

A secretaria executiva do Ministério da Educação, criada para cuidar da política de inclusão e igualdade nas escolas durante as administrações petistas, foi ignorada pelo governo Bolsonaro, mas deve ser reativada pelo presidente Lula. Pelo menos esta será uma das propostas do grupo de educação da equipe de transição, coordenado por três especialistas na área, entre os quais, a senadora eleita do estado Teresa Leitão. Esta quarta uma primeira versão das propostas para a área será entregue ao vice Geraldo Alckmin, mas a versão final só ficará pronta no dia 10 de dezembro.

FNDE

Outra preocupação do grupo é com o FNDE que destina recursos para a merenda escolar, transporte estudantil e aquisição de livros didáticos. Segundo Teresa, além da falta de reajuste dos valores para a merenda escolar há anos, os prefeitos têm demonstrado muita preocupação com a carência de recursos para o transporte escolar e a aquisição de livros. “As demandas são muitas – diz a nova senadora – inclusive há também os problemas da reforma do ensino médio, cuja implantação está atrasada, e dos cortes de verbas para as Universidades. Estamos, porém, aguardando uma conversa com o MEC para ter uma idéia do orçamento e como está sendo executado”.

Primeiro ano é de arrumação

Teresa acredita que o primeiro ano de mandato de Lula vai ser difícil financeiramente – “o orçamento foi feito pelo atual governo” – e acrescenta “entendemos que nos primeiros meses vamos tocar o que puder e for mais urgente, mas só a partir do próximo ano o orçamento vai ter a cara da nova administração e de suas prioridades”.

Pergunta que não quer calar: quem vai ser mesmo o ministro da economia do Governo Lula?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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