Marília prega o “voto vinculado” em Pernambuco
A candidata a governadora Marília Arraes, em lua-de-mel com o PT e o ex-presidente Lula que apoiou Danilo Cabral no primeiro turno, pregou ontem o voto vinculado no segundo turno. Indagada sobre a expressão espontânea de eleitores de Raquel Lyra na Internet, dizendo que votam nela e no ex-presidente, a candidata do Solidariedade disse que Raquel tem o apoio de “todas as forças bolsonaristas” e que quem deseja o melhor para o Brasil e Pernambuco vota nela e em Lula. Enquadrou até o PSB ao qual se diz “oposição”, afirmando que os socialistas vão seguir a orientação do candidato do PT.
O voto vinculado foi uma artimanha criada, em 1982, pelo regime militar, após a volta das eleições diretas para governador. Com receio de não fazer maioria no Colégio Eleitoral que escolheria o sucessor do general Figueiredo na presidência, o governo militar adotou uma nova norma para a realização do pleito. Além de fazer todas as eleições coincidirem de modo que, num mesmo dia, o povo elegeu do vereador e prefeito ao governador e senador ficou estabelecido que quem votasse no prefeito de um partido tinha que escolher todos os demais candidatos do mesmo partido, sob pena de anular o voto.
Como havia sublegenda na época, o PDS, partido oficial, tinha até três candidatos a prefeito mas os eleitores dos três teriam o mesmo governador. O tiro acabou saindo pela culatra menos no Nordeste onde o PDS fez quase todos os governadores. Já no Sul e Sudeste o MDB, a oposição permitida, elegeu governadores, senadores e prefeitos que acabaram escolhendo Tancredo Neves como presidente. Na época, o ex-presidente Lula disse que a vinculação de votos “desmascarou o projeto de abertura política” e concluiu “a farsa acabou”. Na época, o PDS elegeu 235 deputaos federais, o MDB- 200, PDT -23, PTB -13 e o PT-8.
PP em cima do muro
O PP, segundo maior partido em número de deputados na Assembléia, subiu no muro. Ontem reuniu-se para tomar posição na eleição estadual em segundo turno mas acabou dando ao presidente Eduardo da Fonte a missão de se reunir com Marília e Raquel antes de definir o que fazer. Tudo não passou de jogo de cena. Ou o PP libera os deputados para votar como bem entenderem ou pode rachar. Os quatro evangélicos, que formaram um grupo a parte, não votam em Marília e outros dos dez deputados da bancada pensam em fazer o mesmo. Nesse momento Marília tem minoria na legenda.
Campanha pra valer
Esta semana vai ser de campanha pra valer. Não só porque estarão em Pernambuco os dois candidatos a presidente, Lula e Bolsonaro, como porque Marília e Raquel começaram a fazer as agendas de atos públicos neste segundo turno. Esta terça duas pesquisas serão divulgadas com intenção de votos para governador no estado. Também estão sendo retomadas as sabatinas com as candidatas e os debates.
E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com