Abatido pela onda de mudança, PSB vai precisar se reinventar
Após 16 anos no poder estadual, nos quais, com a caneta na mão, definia até quem seria eleito vereador do Recife, o PSB vive neste momento a ressaca da derrota humilhante nas urnas neste ano de 2022. Embora tenha conseguido eleger a maior bancada na Assembléia Legislativa com 14 deputados – a segunda é a do PP com oito – a expectativa de mudança abraçada pelo eleitorado estadual remeteu o candidato socialista a governador, Danilo Cabral, que tinha o declarado apoio de 120 dos 185 prefeitos, a quarto colocado na disputa.
A esperada reação de Danilo, prometida para o dia da eleição, não passou de ameaça. Embora o imbatível Lula tenha estado permanentemente na TV pedindo votos para ele e para a senadora eleita Teresa Leitão, o voto de senador correspondeu mas o de governador não. Daí ter-se agora – coisa inusitada na política – uma senadora eleita sem um governador do lado. A verdade, é que, apesar do esforço de nacionalizar a eleição para fugir do alto índice de rejeição do governador Paulo Câmara, a estratégia socialista deu com os burros n’água. O povo estadualizou por conta própria.
Até o dia 30 de outubro, com o segundo turno da eleição presidencial, o PSB vai estar nas ruas, como anunciou Danilo, tentando levar o ex-presidente Lula a uma vitória no segundo turno, mas depois vai precisar parar e se reinventar. O prefeito do Recife, João Campos, quadro jovem do partido e formado pelo pai Eduardo Campos, tem a chance, se fizer um bom mandato, de se reeleger prefeito em 2024 e iniciar um processo de recuperação que não se sabe quando e nem onde vai dar.
Quadros históricos fora
Um dos prejudicados pela alta rejeição da administração estadual foi o deputado Isaltino Nascimento que, durante anos, defendeu o governo na Alepe. Foi abatido nas urnas. Também o histórico deputado estadual Aluísio Lessa não se reelegeu. Muitos foram deixados pelo caminho. Uma coisa, porém, o PSB conseguiu preservar: o poder de destruição de inimigos. Deputados socialistas afirmavam na Assembléia que o partido ia tirar 10% dos votos de Marília Arraes na TV. Isso, realmente, ocorreu. Ela tinha 33% nas pesquisas e acabou com com pouco mais de 23%, houve um momento em que Raquel chegou a passar na frente dela na contagem dos votos. Mas o que se tirou de Marília não foi pra Danilo. Espalhou-se pelos demais candidatos.
PSB também derrotado nacionalmente
O PSB não amargou apenas a derrota pernambucana. Perdeu no Rio de Janeiro onde seu candidato a governador Marcelo Freixo não conseguiu levar a eleição para o segundo turno e em São Paulo onde, um quadro histórico do partido, foi derrotado na corrida pela o senado pelo ex-ministro Marcos Pontes, bolsonarista de carteirinha.
Antonio Moraes cotado para presidência da Alepe
O deputado Antonio Moraes, que ficou em segundo lugar na votação dos deputados estaduais eleitos pelo PP – só perdeu para o pastor Junior Tércio – viu crescerem as chances de conquistar a presidência da Assembléia na próxima legislatura. Cordato, amigo de todos os deputados – da esquerda à direita – e de livre trânsito em todas as esferas de poder ele sai muito forte para a disputa. O único obstáculo que teria seria o PSB, com a maior bancada, mas com a derrota nas urnas, os socialistas dificilmente teriam chance de conquistar o mais alto cargo no parlamento estadual. O PP com a segunda maior bancada passa a ser a bola da vez.
Gonzaga fora
Além dos importantes deputados federais que não conseguiram se reeleger, como este blog registrou, outra grande perda foi a do deputado Gonzaga Patriota. O federal com mais mandatos conseguidos nos últimos tempos, Gonzaga foi prejudicado pela força da candidatura de Miguel Coelho a governador. Miguel ganhou a preferência dos eleitores na região onde ele é mais forte, o São Francisco e mesmo não chegando ao segundo turno, elegeu três federais pelo seu partido, o União Brasil: o irmão Fernando Filho, Mendonça Filho e Luciano Bivar. O PSB também perdeu outro deputado federal histórico: Milton Coelho.
William Brígido e Mário Ricardo
Nas postagens de ontem este blog deixou de registrar os nomes de três deputados estaduais eleitos: Socorro Pimentel (União Brasil), William Brígido e Mário Ricardo. Socorro vai reforçar a bancada feminina na Alepe que ficou menor porque deputadas fortes como Teresa Leitão, Priscila Krause e Alessandra Vieira deixaram a disputa proporcional para reforçar as chapas majoritárias. Mário Ricardo é uma grande conquista para o litoral norte. Foi duas vezes prefeito de Igarassu.
Pergunta que não quer calar: A eleição estadual em segundo turno vai ser nacionalizada, como deseja a candidata Marília Arraes, que já anunciou o apoio de Lula?
*A coluna Giro Político sai com atraso esta segunda porque demos prioridade à cobertura das apurações
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