Com medo da violência brasileiros estão evitando revelar voto em ambientes públicos

 

 

O Termômetro da Campanha, pesquisa realizada pelo Ipespe e Abrapel (Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais) e que mede, além das intenções de voto para presidente, o estado de espírito dos brasileiros em relação às eleições deste ano, marcadas pela polarização, constatou na semana passada – o resultado saiu este sábado – que o medo da violência eleitoral está levando os brasileiros a evitar declarar seu voto em ambientes públicos.

Este fenômeno ao mesmo tempo que causa apreensão, pode estar provocando distorções nos resultados das pesquisas, sobretudo aquelas feitas em ambiente público, mas demonstra também como a radicalização está sendo nefasta para os eleitores. Segundo o levantamento, só 13% dos brasileiros afirmam que estão participando da campanha, 43% dizem que estão evitando ir a atos de apoio a candidatos mais do que em outras eleições e 38% que evitam declarar o voto em ambientes públicos com receio de retaliação.

O medo exposto na pesquisa Ipespe/Abrapel foi constatado também pelo agregador de pesquisas Polling Date, que vem trabalhando a média dos levantamentos desde março. No último dia 16, o Polling Data, realizado pelo estatístico Neale El-Dash, contratado pela FSB, constatou que, em média, as pesquisas presenciais apontavam 43% de intenções de voto para o ex-presidente Lula e 34% para Bolsonaro. Na mesma data, a média das pesquisas feitas por telefone era de 39% para Lula e 38% para Bolsonaro. A diferença de 9 pontos para Lula na pesquisa presencial caia para 1 ponto na realizada por telefone.

Voto envergonhado

Em 2018, constatou-se depois, as pesquisas acabaram distorcidas pelo “voto envergonhado” de eleitores que decidiram votar em Bolsonaro por serem anti-petistas mas não falavam isso publicamente. Este ano, cientistas políticos avaliam que o receio de violência pode estar afetando eleitores dos dois, tanto de Lula, quanto de Bolsonaro. Isso fica evidente também no agregador Polling Data em relação aos votos de Ciro e Simone Tebet. Nas pesquisas presenciais e telefônicas o percentual dos dois é quase o mesmo.

Lulistas e bolsonaristas com mesma estratégia

Embora, como alertou o sociólogo e cientista político pernambucano Antônio Lavareda, a criação de uma expectativa em torno de vitória no primeiro turno possa causar grande frustração nos eleitores caso não se concretize, provocando danos na eleição de segundo turno, lulistas e bolsonaristas estão, igualmente, nas redes sociais e, sobretudo, por mensagens de whatsapp, pregando o voto útil para que a eleição termine no primeiro turno. A pesquisa do Ipespe concluiu que 68% dos brasileiros dizem torcer por um turno só. Vamos ver quem leva a melhor.

Imprensa faz falta

Com a crise da imprensa escrita, que obrigou os jornais a reduzirem ao mínimo suas equipes, as andanças dos candidatos a governador e senador pelo estado têm tido cobertura apenas das assessorias dos partidos. Isso pode provocar distorções a respeito do real tamanho das manifestações que se realizam nos diversos municípios. Se for pelos textos recebidos cada dia um candidato bate novo recorde de comparecimento a eventos, ainda bem que existem as fotografias para fazer o tira-teima.

Miguel e os parabéns

O candidato Miguel Coelho, o mais jovem dos concorrentes ao cargo de governador, fez ontem 32 anos e, por onde andou, ouviu o tradicional parabéns pra você. Em carreata no Recife foi surpreendido por uma eleitora que lhe entregou um bolo e pediu que ele apagasse a velinha. O encerramento do dia foi em Santa Cruz do Capibaribe, onde mora sua vice Alessandra Vieira, que também aniversariou ontem. Os parabéns foram duplos e teve caminhada.

Reta final

Na reta final da campanha todos os candidatos estão cumprindo verdadeiras maratonas de agenda no Grande Recife e no interior. Raquel mergulhou no sertão este final de semana e encerrou a programação em Petrolina, na terra de Miguel. Danilo passou também o final de semana no sertão em comícios e carreatas. Marília cumpriu agenda no Cabo, na zona-da-mata e no agreste. Anderson passou todo o sábado com o presidente Bolsonaro nos agrestes setentrional e meridional. Miguel fez atos na Região Metropolitana e agreste.

Pergunta que não quer calar: Que candidatos a federal estão mais nervosos? Os que dependem de chapinhas ou os do PSB que deve fazer com certeza só 5 federais?

 

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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