A Monarquia e o Destino

 

Por Júlio Lóssio

Nos últimos dias temos acompanhado a grande cobertura que a mídia tem dado a morte da Rainha Elizabete e a coroação do novo Rei da Inglaterra. Pompa e luxo fazem parte de todo ritual e chamam a atenção de todo mundo. A Monarquia Britânica desperta admiração e parece gerar súditos além das fronteiras Britânicas.

Mas o que fez o Príncipe Charles para ser coroado Rei da Inglaterra?

Foi um aluno aplicado e dedicado tendo apresentado um desempenho extraordinário entre seus pares? Foi escolhido pela maioria da população para ser seu representante Real?

Não, nenhum critério meritocrático está associado a escolha do Rei. O único critério está relacionado ao nascimento. Se nascer filho da Rainha e for o primogênito será Rei.

Tudo isso seria apenas um conto de fadas se o nascimento definisse apenas o futuro do Rei de um país.

Infelizmente em grande parte do mundo o nascimento acaba definindo o futuro das milhões de crianças que chegam ao mundo. Quando o príncipe Charles nasceu, já estava definido que seria o Rei, contudo outras milhares de crianças também nasceram naquele mesmo dia e certamente algumas naquela mesma hora.

Uma constatação nos traz uma evidência: Diferentemente do futuro rei, muitos que nascem na miséria estão condenados a viver e morrer na miséria.

Talvez a sociedade tenha naturalizado essa triste constatação inspirada nas monarquias cujo nascimento define o lugar a ocupar na história.

Particularmente me considero alguém de muita, muita sorte. Evidentemente não nasci para ser o Rei da Inglaterra, o agora Rei Charles fez isso primeiro. Mas também como muitos não nasci na miséria e condenado a nela permanecer.

Sei também que não podemos imaginar que todos possam nascer para ser Rei. Mas posso acreditar que um dia ninguém nascera para ser miserável.

É com essa crença e. tendo oportunidade de fazer parte da política cuja função principal é definir nosso contrato social, acredito e tenho fé que um dia todos, em todas as partes do mundo, poderão nascer dignamente, ter acesso a uma educação de qualidade, desde a primeira infância, e assim poderem, de acordo com suas convicções e esforços, definir seu destino. Nesse dia, nascer não será mais sinônimo de destino. Nascer será sinônimo de oportunidade.

 

*Julio Lóssio é Médico, ex-prefeito de Petrolina e colaborador do BlogDellas

 

E-mail: redacao@blogddellas.com.br

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