Marília começa a atrair a família Arraes para o palanque
Se havia alguma dúvida de que nesta campanha, a medida que aumentasse o distanciamento entre as famílias Arraes e Campos, a candidata a governadora Marília Arraes (Solidariedade) ia trazer para o seu palanque os filhos do ex-governador e seu avô, Miguel Arraes, as incertezas se dissiparam: ao lado do artista plástico Maurício Arraes (foto), seu tio e irmão do seu pai Marcos, Marília recebeu ontem um grupo de artistas pernambucanos que anunciaram a criação da “Brigada Arraes” em apoio a sua candidatura.
A “Brigada Arraes”, segundo seu fundador, o artista plástico e arquiteto Ronaldo Câmara, foi inspirada na “Brigada Portinari”, um movimento de arte muralista que surgiu no estado em 1980, com engajamento no processo de redemocratização do país e que atuou em prol de candidaturas progressistas que se opunham ao regime militar. Na primeira reunião do grupo em casarão no bairro do Recife, onde funcionará, estavam presentes além do fundador, os artistas Felix, Daniel Doblin, Maurício Arraes, e os grafiteiros Alexsandra Lopes, Asak, Carlos André e Kronus. Novos nomes devem se integrar daqui pra frente, segundo Ronaldo.
Mas, mesmo que atraia mais arraesistas para sua luta, Marília pode não conseguir o peso maior que é a ex-deputada federal e ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes, sua tia. Ao se aposentar este ano do TCU, Ana, que chegou a ser cogitada como candidata a governadora, disse que ficaria afastada da política. Em 2020 quando Marília enfrentou no Recife, o primo e atual prefeito João Campos, Ana não se pronunciou. Alegou que como ministra do TCU estaria impedida de fazer política. Verdade, mas também não deixou de ser uma forma de estar distante da briga política entre um neto e uma sobrinha.
Antônio Campos distante
Como nenhum Campos é candidato majoritário este ano – diferente de 2020 – era natural um maior engajamento dos Arraes na luta de Marília, em primeiro lugar nas intenções de voto. A presença de Maurício num encontro público de artistas com a sobrinha, pode abrir caminho para novos apoios. Outro muito esperado seria o de Guel Arraes, também tio da candidata, cineasta e de forte influência no setor artístico brasileiro pela grande atuação na Rede Globo. Agora é aguardar os próximos capítulos.
TV e redes sociais
Embora a campanha esteja a todo vapor na TV, os candidatos a governador continuam postando mensagens para os eleitores nas redes sociais. O canal mais disputado é o Instagram, preferido pelos jovens, que estão sempre presentes na internet. Nessa rede o campeão em seguidores é o candidato Miguel Coelho (UB) com 300 mil seguidores, Marília Arraes (SD) vem em segundo com 228 mil e Raquel Lyra (PSDB) em terceiro com 206 mil. Anderson Ferreira (PL) tem 102 mil e Danilo Cabral (PSB) está em quinto lugar com 51.800 seguidores.
Carlos Andrade Lima e a polarização
O candidato ao senado pela União Brasil, Carlos de Andrade Lima, foi o primeiro a levar para a TV o discurso contrário à polarização e nacionalização da campanha estadual. Em vídeo critica “tem candidato ao senado federal dizendo que vai ser o senador de Lula, outro que é o senador de Bolsonaro, e quem vai ser o senador de Pernambuco?” Em seguida, o candidato diz que um senador não pode representar um ou outro político mas o povo pernambucano. Este mesmo discurso tem sido feito em eventos pelo candidato Miguel Coelho, companheiro de Carlos, mas ele próprio ainda não levou o tema para a TV.
Anderson fustiga Danilo
O candidato Anderson Ferreira, que tem o apoio de Bolsonaro, está em uma inserção na TV fazendo paralelo entre a sua candidatura e a de Danilo Cabral, que é apoiado por Lula. Só que ao apresentar as pessoas que estão a seu lado – ele próprio, o candidato ao senado Gilson Machado e o presidente – e confrontar com as que estão com Danilo, exclui o ex-presidente Lula. Coloca o candidato da Frente Popular como apoiado pelo governador Paulo Câmara e a candidata ao senado Teresa Leitão.
Lavareda acredita em segundo turno
Após a pesquisa do Ipespe, divulgada ontem, mostrar uma diferença de 8 pontos percentuais entre Lula e Bolsonaro na estimulada e de 6 pontos na espontânea, o cientista político Antonio Lavareda disse que o cenário, embora estável entre os dois principais nomes, deve ser analisado junto com outros fatores mostrados pelo levantamento como a melhoria da imagem do presidente pelos eleitores e a sobrevida dos candidatos da terceira via. No seu entender isso sinaliza para a realização de um segundo turno na eleição presidencial.
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