Bancada feminina deve crescer na Câmara e pode se reduzir na Alepe
As mulheres pernambucanas que, anos a fio, desde a época da pioneira Cristina Tavares, entre os anos 70 e 90, se acostumaram a ocupar no máximo 1 das 25 cadeiras do estado na Câmara Federal, podem ampliar sua participação na bancada de deputados federais este ano. Analistas calculamque até três mulheres podem se eleger para federal. A deputada estadual Clarissa Tércio (PP), Maria Arraes (SD) e Iza Arruda(MDB) são as mais cotadas. Se Marília Arraes se sair bem na disputa, ampliando os votos de legenda do Solidariedade, outra mulher surge nas apostas de bastidores: a deputada estadual Fabíola Cabral.
Já na Alepe a previsão é preocupante : da bancada de dez deputadas ( a maior até agora) cinco vão deixar de concorrer ou porque estão na disputa majoritária, como é o caso de Teresa Leitão(PT), Priscila Krause (Cidadania) e Alessandra Vieira (UB), ou porque vão para a disputa de federal, como Fabíola Cabral e Dulcileide Amorim. As duas vão ser substituídas no pleito estadual por dois homens: Fabíola pelo seu pai, o ex-prefeito do Cabo, Lula Cabral e Dulcicleide pelo esposo, o ex-prefeito de Petrolina, Odacy Amorim. Candidatas à reeleição eram tidas como certas na próxima legislatura agora vão disputar com menos chances para a Câmara.
Membro titular da Comissão de Defesa da Mulher da Assembléia, a deputada Simone Santana, está preocupada “sabemos que corremos o risco de não termos a desejada ampliação da representatividade feminina na Alepe. Fala-se até em redução. Já são muito poucas as mulheres deputadas. Qualquer pequena mudança no cenário já representa um rearranjo grande na inserção feminina”. No momento, existem novas candidatas fortes a estadual que podem vencer a eleição, se juntando às cinco que devem permanecer, mesmo assim o cálculo que se faz é que podem não chegar a 10 as eleitas em outubro. Seria um retrocesso.
Motivos para a redução
A redução do número mulheres na Alepe não se explica apenas pelo fato de que deputadas estejam sendo substituídas por homens, mas também pela própria ascensão feminina na eleição deste ano que é caracterizada pelo fato de que em todos os palanques montados, inclusive de pequenos partidos, há pelo menos uma mulher candidata a vice-governadora ou senadora, o que é inédito. Isso motivou os partidos a recorrerem a deputadas estaduais experientes. Simone Santana pondera que é preciso com urgência “a adoção de medidas que aumentem de forma sólida a participação feminina nos cargos de poder. Do contrário, ficaremos oscilando em torno de um número pequeno”. Ela acha que se houvessem mais mulheres candidatas a deputada umas substituiriam as que tentassem a majoritária.
O PSOL e a bancada feminina
Este ano, o PSOL, que defende o protagonismo feminino, vive uma sinuca de bico. Além do coletivo Juntas que surpreendeu na eleição de 2018, conquistando uma cadeira na Alepe com a união de cinco mulheres, o partido lançou candidatos a estadual , a vereadora do Recife, Dani Portela ( mais votada em 2020) e o vereador Ivan Moraes. No momento as previsões feitas apontam para a possibilidade dopartido conquistar uma cadeira na Alepe. Ivan, muito articulado, vai precisar sua a camisa mas não é considerado carta fora do baralho. Se o PSOL eleger dois ele tem chance de ocupar uma das vagas. Se eleger só um e for ele, mais um homem entra na Alepe deixando as mulheres para trás.
Inserções no Rádio e TV vão fazer diferença
A propaganda eleitoral no Rádio e TV tem início dia 26 deste mês. Os candidatos majoritários estão mexendo nas agendas para as gravações sobretudo das inserções que são pequenos comerciais no meio da programação. O chamado guia eleitoral é cansativo e muitos desligam os aparelhos quando começa a ser exibido, mas os comerciais pegam todos de surpresa e como duram 30 segundos não dá nem tempo do telespectador se ausentar do vídeo. As pessoas vêm mesmo sem querer. No caso das inserções, o candidato da Frente Popular, Danilo Cabral, vai ter direito a 13 comerciais diários, o segundo é o candidato Miguel Coelho (União Brasil) com 6 comerciais. Marília(SD) terá 3 e Raquel (PSDB) e Anderson (PL) dois comerciais cada.
Marília troca o debate por uma entrevista
A candidata a governadora, Marília Arraes, resolveu convocar a imprensa para uma entrevista coletiva esta sexta-feira às 11 horas, no mesmo horário em que deveria, se desejasse, estar presente ao debate entre todos os candidatos na Rádio Cidade, de Caruaru. O motivo da convocação seria informar coisas importantes sobre a campanha. Nada que não pudesse ser comunicado em qualquer outro horário. Estranho, não?
Pergunta que não quer calar: “as mulheres pernambucanas vão deixar que se reduza a bancada feminina na Assembleia este ano?
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