Grande número de palanques majoritários gera conflitos entre prefeitos e deputados

 

 

Com um chapéu de palha – um dos símbolos da candidata a governadora Marília Arraes- o candidato a deputado federal Lula da Fonte, do PP, sigla que apoia Danilo Cabral (PSB), causou burburinho no município de Aliança, na Zona da Mata, este final de semana ao comparecer a evento em que o prefeito da cidade, Xisto de Freitas, declarou apoio a Marília. Apoiado pelo mesmo prefeito em sua campanha para a Câmara Federal, Lula não se esquivou a estar presente ao ato com receio de perder votos, mas não só fez rasgados elogios ao candidato ao senado de Marília, André de Paula, como acenou para a candidata a governadora adversária com o símbolo dela enfeitando a sua cabeça. Era impossível não fazer associação entre os dois.

O que aconteceu em Aliança, porém, vai se repetir nesta campanha na maioria dos municípios do interior pernambucano. Como existem cinco fortes candidatos a governador, quem está disputando mandatos de federal ou estadual dificilmente vai conseguir que o prefeito que o apoia tenha o mesmo candidato a governador. Neste caso, ou evita estar no município quando o candidato a governador do prefeito não for o seu, ou vai, para não perder prestígio nem votos, e encara a saia justa em que se meteu Lula da Fonte.

– Vai ter muito constrangimento nessa campanha por causa disso – afirma o deputado estadual Antonio Moraes, também do PP, explicando “o prefeito é quem dita as normas da eleição estadual majoritária no município e nenhum candidato a deputado vai querer desrespeitar o prefeito, pedindo votos no município dele para outro candidato. Se fizer isso corre o risco de perder o apoio”. Antônio apóia a candidatura de Danilo Cabral mas dois prefeitos que votam nele – Dioclécio Filho, de Riacho das Almas, e Guilherme Nunes, de Vicência – apoiam a candidata Raquel Lyra.

Prefeitos jogam duro

Embora alguns prefeitos tenham jogo de cintura para enfrentar as dificuldades expostas acima, em Vertentes, o prefeito Romero Leal, do PSDB, um entusiasta da candidatura de Raquel Lyra, vai logo adiantando: “aqui em Vertentes candidato a deputado meu que pedir voto na minha frente para Danilo Cabral eu peço para se retirar”. Ele vota para federal em Mendonça Filho, cujo candidato a governador é Miguel Coelho, e para federal em Tiago Pontes, eleitor de Danilo. Este final de semana Miguel esteve em visita a Vertentes e Mendonça não pode acompanhá-lo.

Sileno no meio da confusão

O presidente do PSB, Sileno Guedes, candidato a deputado estadual, vai enfrentar dificuldades em alguns municípios para pedir voto para Danilo. Um dos seus apoiadores é o ex-prefeito de São Vicente Ferrer, na Zona da Mata, Flávio Regis, que há poucos dias declarou apoio a Marília Arraes e André de Paula. Não se tem notícia de que Sileno tenha rejeitado os votos preciosos de Flávio Régis.Logo ele que chegou a expulsar prefeitos do PSB que declararam apoio a outros candidatos como José Martins, de João Alfredo, que está com Miguel Coelho.

Diogo e a salada de frutas

O deputado estadual Diogo Moraes, do PSB, diz que teve sorte pois todos os prefeitos que estão com ele votam na chapa completa da Frente Popular. Ele pondera que em todasas eleições há constrangimentos com os palanques múltiplosmas completa “este ano o problema se multiplicou pelo grande número de palanques formados. A eleição no interior está uma verdadeira salada de frutas, tal a mistura de partidos em um único palanque. Vai dar trabalho.”

Renovação na Alepe

A renovação prevista na Assembleia na eleição deste ano é ainda maior que em eleições anteriores, segundo deputados mais experientes. O motivo principal, além de mudanças no quadro partidário com o fim das coligações proporcionais, é que dez deputados decidiram não concorrer à reeleição. Alguns porque serão candidatos a federal ou disputam eleição majoritária e outros porque resolveram se afastar. Os dez são: Romário Dias, Priscila Krause, Teresa Leitão, Clodoaldo Magalhães, Eriberto Medeiros, Lucas Ramos, Alessandra Vieira, Rogério Leão, Manoel Ferreira e Guilherme Uchoa Junior. É possível que mais gente ainda desista até a eleição.

Pergunta que não quer calar: será que o PSB vai conseguir desconstruir a candidatura de Marília Arraes, como fez no Recife em 2020?

Foto: Divulgação

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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