Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, recebe ninhos de tartaruga
Na região, quatro espécies do animal vêm, a cada ano, aumentando o número de desovas por temporada. Estimativa que nasçam mais de 2,3 mil tartarugas neste ano
Aproximadamente 2,3 mil tartarugas marinhas devem ganhar o oceano a partir da Praia do Paiva, no município do Cabo de Santo Agostinho. Os 8,5 quilômetros de orla estão acolhendo, até o momento, simultaneamente 23 ninhos nesta temporada 24/25 de desova do animal.
Esse grande berço natural das tartarugas e acompanhamento tem sido possível graças ao trabalho da Associação Geral do Paiva, que gere o bairro de mesmo nome e, desde 2021, faz o acompanhamento do período que vai da desova até a eclosão, quando os filhotes dão os primeiros passos em direção ao mar.
“Diariamente, nós percorremos toda essa extensão da praia para identificar possíveis rastros das tartarugas. Quando encontramos, fazemos um trabalho cuidadoso de tateamento e busca pelo ninho, sempre com muita delicadeza”, comenta Renan Pimentel, analista Ambiental da Associação. O trabalho tem parceria da Método Ambiental, alinhamento com a Secretaria de Meio Ambiente do município e conta com o trabalho voluntário de uma ex-moradora do bairro.
Essa dedicação vem permitindo registrar, ano a ano, o volume de nascimento do réptil, que espera crescer 20% em relação à temporada 22/23, quando recebeu 95 ninhos de novembro e a abril, a depender da taxa de êxito da maturação. Entre as principais espécies que mais buscam o calor das areias da Praia do Paiva, em especial os trechos da Ilha do Amor e Enseadas, para deixar seus ovos, estão Pente, Oliva, Verde e Cabeçuda. Além da temperatura, a baixa iluminação na praia possibilita maior segurança para as fêmeas escolherem o local.
“As tartarugas vêm de grande migração, a exemplo da Costa da África, fazem a desova, ficam pelo mar daqui e fazem até novas cinco desovas”, acrescenta Renan. Cada ninho encontrado recebe um isolamento da área com uma cerca de proteção. Isso evita que pessoas passem por lá ou que animais predadores naturais encontrem os ovos.
Em seguida, o espaço recebe placa de identificação com informações que possibilitam o acompanhamento pela equipe. Registros fotográficos e dados de georreferenciamento são coletados e armazenados no sistema. Após essa etapa documental, o ninho permanece em acompanhamento durante 45 a 60 dias, tempo esperado entre a postura, incubação, maturação, facilitação social e nascimento, etapas do desenvolvimento dos filhotes.
Educação – além de vivenciar o mágico momento em que os filhotes percorrem o caminho até o mar, entender a importância desse movimento é fundamental para a preservação da vida animal. “Falando especificamente das tartarugas marinhas, uma de suas principais contribuições ambientais é o transporte em seus cascos de milhares de micro-organismos fundamentais para a vida marinha”, anota Renan. Por isso, sempre que possível, a Associação convida moradores e visitantes da Praia do Paiva para acompanhar esse nascimento. “É uma oportunidade para sensibilizar crianças e adultos”, conta.
Redação com assessoria Foto: divulgação
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