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A poética de José Barbosa na Christal Galeria

Por Joana D´Arc Lima

O artista José Barbosa convidado pela galerista Christiana Asfora para expor na Christal Galeria, desenvolveu uma série de pinturas sobre tela que tematizam questões sobre a natureza, o meio ambiente e a importância de preservação da floresta Amazônica para a sustentabilidade da vida no planeta Terra. Temática da maior relevância na contemporaneidade.

O artista chama a atenção do público visitante e apreciador da arte em Pernambuco para olhar suas paisagens e se entender como parte dessa natureza na perspectiva de nos tornarmos, todos (as) responsáveis pela sustentabilidade e manutenção da vida. Isso talvez seja o maior legado que a exposição intitulada José Barbosa: A escuta do Tempo – Javari, pôde trazer para a cidade do Recife nesse momento.

Na Christal Galeria o visitante poderá ver a força das pinturas presentes na mostra que se revelam por uma ordenação racional dos elementos figurativos dispostos no plano bidimensional, e simultaneamente, pela presença de manchas de cor que desmentem o projeto racional inicialmente previsto pelo artista.

A paleta de cores é variada: de uma explosão radical do uso das cores quentes – notadamente vistos nas obras Javari: homenagem a Dom e Bruno, que abre a exposição por se tratar de um trabalho que comenta o assassinato do indigenista Bruno Pereira, pernambucano e o jornalista inglês Dom Philips, ambos mortos na região amazônica do Vale do Javari, segunda maior terra indígena do país, ao tríptico, Floresta com Pássaro Verde, onde artista apresenta uma paisagem exuberante, uma explosão de cores também nos lembrado que a ação de preservação permite o encantamento do mundo. Ambas as pinturas foram realizadas especialmente para essa exposição, entre outras pinturas novas e um conjunto significativo que foram retirados do acervo do artista.

Ainda na Christal Galeria é possível conhecer parte de sua obra em madeira. O entalhe é sua arte maior. O domínio da técnica de entalhar a madeira com uso de formão, goiva e lixa incorporou-se ao processo criativo do artista. Realizado com exímio talento e maestria, o artista toma a madeira pelas mãos e produz uma esfuziante narrativa que por vezes se apresenta como peça escultórica, peças decorativas, outras vezes, como objetos utilitários.

Os elementos visuais são dispares dizem de suas memórias, dos repertórios e citações da história da arte, da história e da história natural. A rigor são peças em grande formato, podem figurar como portas, totens, colunas e painéis de parede. Na exposição há um exemplar genuíno desse fazer, uma belíssima porta entalhada que leva o título: Porta da Criação, 2017.

Como escreveu Ariano Suassuna: De José Barbosa vamos esperar o melhor.


Por Joana D´Arc Lima
Historiadora e Curadora da exposição José Barbosa: A Escuta do tempo – Javari // Christal Galeria

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